Copom mantém juros básicos em 2% ao ano

Banco Central voltou a cobrar a necessidade de reformas e do ajuste das contas públicas
O Comitê revelou ainda que não pretende reduzir o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições sejam satisfeitas

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), anunciou nesta quarta-feira (9) que decidiu manter a taxa Selic em 2% ao ano. O índice já era esperado pelo mercado. O Copom voltará a se reunir nos dias 19 e 20 de janeiro de 2021. No documento que expediu após a reunião, a última deste ano, os membros do colegiado fizeram uma análise da conjuntura econômica atual.

"No cenário externo, a ressurgência da pandemia em algumas das principais economias tem revertido os ganhos na mobilidade e deverá afetar a atividade econômica no curto prazo. No entanto, os resultados promissores nos testes das vacinas contra a Covid-19 tendem a trazer melhora da confiança e normalização da atividade no médio prazo. A presença de ociosidade, assim como a comunicação dos principais bancos centrais, sugere que os estímulos monetários terão longa duração, permitindo um ambiente favorável para economias emergentes", nota o Copom.

"Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores recentes sugerem a continuidade da recuperação desigual entre setores, em linha com o esperado. Contudo, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais. As últimas leituras de inflação foram acima do esperado e, em dezembro, apesar do arrefecimento previsto para os preços dos alimentos, a inflação ainda deve se mostrar elevada. Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mas segue monitorando sua evolução com atenção, em particular as medidas de inflação subjacente", revela o BC no documento.

O Comitê ressaltou que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. "Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado, notadamente quando essa ociosidade está concentrada no setor de serviços. Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional. Por outro lado, um prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piore a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária", descrevem os membros do Comitê.

O BC voltou a tocar na tecla da necessidade das reformas e do ajuste das contas públicas. "O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia", cobra o Copom.

O Comitê revelou ainda que não pretende reduzir o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições sejam satisfeitas. "O Copom avalia que essas condições seguem satisfeitas. Apesar da elevação desde a última reunião, em particular para o ano de 2021, as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, permanecem abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas", detalha o BC. 

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