Federasul está “moderadamente otimista” com 2021
A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) fechou a bateria dos tradicionais balanços e perspectivas anuais anunciados pelas entidades gaúchas. Para a federação, a retomada a nível Brasil será por meio das exportações, porém a sucessão presidencial dos Estados Unidos e a economia chinesa dominarão o discurso econômico de 2021, fatos que levam a afirmar que a Federasul está "moderadamente otimista" com o próximo ano.
De acordo com dados apresentados pelo vice-presidente Fernando Marchet, a economia norte-americana deve registrar PIB na casa de 4,5%; União Europeia (4%) e China (8%). A média global de todas as riquezas produzidas deve atingir 5%. "O Brasil tende a colher esse crescimento também, desde que retome os planos de reformas estruturantes, tais como a tributária e a administrativa", afirmou Marchet. Ele também cogita que há boas chances das reformas serem aprovadas, pois o governo de Jair Bolsonaro está formando uma coalizão de centro, o que pode significar um avanço diante da realidade atual. "Esse governo não se ajuda de forma alguma. Até há boas intenções, mas a forma de condução se mostra muito difícil, bastante atabalhoada até. Mas ao emplacar essa união de grande coalizão pode ser que tenhamos dentro de nove meses úteis algum avanço importante", opinou.
Com o surgimento da vacina contra o coronavírus, que contribuirá para a retomada, o Brasil deverá fechar 2021 com um PIB de 3,8% e o Rio Grande do Sul 4,9%. O atual ano fecha com saldo negativo de 7% (Rio Grande do Sul) e queda de 4,5% (Brasil). A Selic, atualmente em 2%, deve ter um incremento gradativo, até fim de 2021, chegando ao dobro (4%). O dólar, que em 2020 circunda R$ 5,20 tende a uma queda de quase 10% (R$ 4,80). "A desvalorização da moeda norte-americana está diretamente atrelada às reformas e a elevação dos juros básicos", explicou o vice-presidente.
Para a Federasul, a inflação chega a 4,3%, neste ano, e reduz para 3,8% em 2021. Marchet comentou o documento publicado pelo Banco Central (BC) na quarta-feira (9) dando conta que poderá voltar a subir a Selic nos próximos meses. "Acho que o BC deverá aumentar os juros a partir de março. Eu esperava essa sinalização no começo do ano, mas ontem mesmo o Copom já oficializou esse movimento. O BC estava sendo muito condescendente com a inflação até então", criticou. Marchet fez questão de utilizar uma frase de efeito dita por Marcelo Portugal, economista-chefe da Fecomércio-RS e também repetida por Antônio da Luz, responsável pelas projeções econômicas da Farsul. "A inflação está grávida do IGP-M [Índice Geral de Preços do Mercado, que é o resultado do cálculo dos preços de atacado, do consumidor e do custo da construção] que acumula alta de 20%, enquanto o IPCA, que atinge o consumidor na ponta, vai fechar em torno de 4%. Pode ser que essa inflação do atacado chegue no varejo, mas o anúncio de ontem do BC diminuiu um pouco esse risco", contextualizou.
Intromissão política
A presidente Simone Leite – que encerra seu mandato à frente da Federação no fim de dezembro – reiterou que a intromissão da política e da ideologia prejudicou a economia, tanto quanto a própria pandemia. "Decisões políticas não podem interferir no andamento das atividades econômicas", destacou, se referindo aos inúmeros decretos e protocolos ineficientes e que, por conseguinte, inviabilizaram operações e fecharam empresas de todo o país. Além disso, Simone também criticou, no caso do Rio Grande do Sul, a apresentação do Projeto de Lei 246 pelo governo estadual que tem em seu núcleo o aumento de impostos. Segundo ela, a iniciativa retira a competitividade econômica e criminaliza quem, por força da crise, não pode honrar com os tributos estaduais.
"Se aumento de impostos fosse bom, o Estado seria campeão em desenvolvimento. Majorar é, sem dúvida, o principal freio para o avanço e à retomada da economia", alfinetou Simone. De acordo com levantamento da Federasul, o projeto deve ser derrotado, visto que foram contabilizados, até a noite de quarta-feira (9), 30 votos contrários ao texto encaminhado pelo governador Eduardo Leite.
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