Vida a -15°
Não saberia dizer se o título acima está adequado. Por mais fria que esteja a Europa desses dias, não se pode dizer que estejamos vivendo continuadamente a temperaturas negativas. Quem assim passa a vida são os siberianos. Nós aqui, quando muito, encaramos frio dessa ordem durante uma ou duas semanas consecutivas – e já é o bastante –, e logo virá uma trégua. Seja como for, o tema merece que façamos algumas digressões.
Assim sendo, nos dias que antecedem a entrada do frio devastador, os serviços de acolhimento aos moradores de rua entram em alerta máximo. Por mais que tenhamos sociopatas que se recusam a dormir em abrigos destinados a essa finalidade, o rigor da temperatura termina falando mais forte e, na imensa maioria dos países, praticamente ninguém dormirá ao relento, o que poderia significar morte por hipotermia.
Para os que nunca viveram semelhante experiência, vale dizer que é incomparável. As orelhas ardem e, logo depois, não mais as sentimos. Qualquer parte exposta do corpo está sujeita a uma espécie de queimadura. Quanto mais azul estiver o céu, mais inclemente pode ser a sensação térmica. A hidratação permanente é imperativa e a água congela facilmente, mesmo quando acondicionada no bolso dos impermeáveis.
Em muitos países, o uso de correntes nos pneus é obrigatório e, em caso de sinistro, nenhum seguro cobrirá as despesas se ficar comprovado que os pneus eram convencionais. Para quem viaja a negócios, os efeitos em cascata do fechamento dos aeroportos é um pesadelo continuado. A interdição de um dos três grandes "hubs" europeus pode engendrar grandes perdas. Enfim, o campo agradece e a primavera virá mais resplandecente.
Mas nessas horas, a Europa está literalmente tremendo.
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