Uma equação que não fecha
O governo acena com uma mudança significativa nas regras da Previdência Social. A intenção é fazer com que os brasileiros trabalhem até, no mínimo, os 65 anos. O motivo é o rombo nas contas, que não fecham, em função do aumento da longevidade da população, aposentadorias precoces, a disparidade entre aposentadorias privadas e as públicas, entre outros fatores que sangram o caixa previdenciário. Até aí, tudo parece muito coerente. Com as pessoas vivendo mais, é natural que precisem trabalhar mais – ou fatalmente teríamos um número insustentável de aposentados em relação às que estão trabalhando. Entendo que é preciso uma mudança.
O problema esbarra no atual mercado de trabalho, que também precisará se adaptar aos novos princípios. Há contradições evidentes. Não é novidade para ninguém que é mais difícil conseguir emprego depois dos 50 anos, bem como manter o que se tem. Os mais experientes tendem a ter salários maiores, porém, esse detalhe pode representar um empecilho à contratação. Além disso, quem tem mais idade e conhecimento também precisa mais estímulo para se motivar. Como os mais idosos conseguirão sobreviver ao período mais longo na ativa se não há disponibilidade para contratar esses profissionais? Afinal, a cada ano entram no mercado de trabalho 2 milhões de brasileiros. O quadro recessivo da economia aponta para mais demissões. E, para piorar, a tecnologia permite que cada vez mais trabalhadores sejam substituídos por máquinas.
Antevejo dificuldades que precisarão ser saneadas por ações conjuntas do governo, das empresas e dos próprios indivíduos. Inicialmente, será preciso uma série de medidas para estimular a empregabilidade, não apenas daqueles com mais de 50 anos, mas de todos. Os gestores deverão se preparar para aproveitar os talentos maduros em funções adequadas. Já os trabalhadores precisarão se preparar para ficar mais tempo no mercado. Para cumprir com esse objetivo, terão de buscar atualização e interação com as novas tecnologias. Atualmente, essa realidade é uma equação que não fecha. E não terá uma solução fácil, mas será preciso lidar com as mudanças da melhor forma possível. Haverá consequências de curto e longo prazos para toda a sociedade.
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