Educação tecnológica é a melhor arma contra golpes financeiros
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), houve aumento de 60% nas fraudes financeiras, sobretudo contra idosos, durante o período de isolamento da Covid-19, especialmente após o crescimento de transações virtuais. Entre as fraudes, o golpe do empréstimo consignado vem crescendo a cada dia e o principal alvo tem sido os aposentados e pensionistas do INSS. A maioria dos golpes ocorrem por telefone e por WhatsApp. Para enfrentar essa onda de crimes, especialistas dizem que é preciso investir na educação tecnológica da população.
"A inclusão digital de pessoas mais velhas ou com menos acesso à tecnologia é vital para o crescimento do país, mas somente a inclusão não basta. É preciso educar a população para que saiba identificar possíveis golpes e cortar rapidamente a comunicação com criminosos. Bancos não mandam SMS, não mandam e-mails, não pedem cópia de documentos, não pedem para que a pessoa informe todos os dados pessoais por telefone. São coisas que no dia a dia parecem óbvias, mas por esquecermos do óbvio é que os golpistas triunfam", alerta Fernando Weigert, diretor da Neoconsig, empresa que desenvolve soluções tecnológicas para instituições financeiras, como uma das maiores plataformas brasileiras de gestão de empréstimos consignáveis.
Golpes seguem engenharia social
O telefone celular é a principal ferramenta dos criminosos. Entre os golpes mais comuns, eles oferecem empréstimos com condições vantajosas. Ao convencer o cliente, o procedimento segue com o pedido para que a vítima faça um depósito bancário ou PIX referente a taxas de cadastro ou antecipação de alguma parcela para que possa liberar o valor acordado. Em outros casos, um falso atendente solicita dados pessoais e financeiros do cliente. Com acesso aos dados, os fraudadores conseguem realizar transações em nome da vítima.
Esses golpes, desenvolvidos a partir de uma técnica chamada engenharia social, cresceram 165% no primeiro semestre de 2021, em comparação com o semestre anterior, segundo levantamento da Febraban.Alguns dos golpes aplicados registraram um aumento ainda maior. O truque do falso motoboy (quando criminosos convencem a vítima a compartilhar os dados bancários, o endereço residencial e ainda a entregar o cartão de crédito a um motoboy) cresceu 271%. Já os registros de falsas centrais telefônicas e falsos funcionários cresceram 62%.
"Por meio de WhatsApp e outras ferramentas eletrônicas, os golpistas encontraram uma maneira de se passar por instituições e oferecer soluções rápidas, sem nenhum tipo de entrave, atraindo especialmente pessoas que não têm uma relação próxima com a tecnologia. Para enfrentarmos esse desafio será necessário um esforço conjunto de bancos, financeiras, prestadores de serviços e meios de comunicação. Precisamos educar os clientes a fim de que fiquem mais atentos e entendam quais ferramentas inescrupulosas estão sendo usadas", avalia Paulo Costa, superintendente de TI da Neoconsig.
Entre as soluções apontadas pelos especialistas está a de fomentar o ensino de educação tecnológica nas escolas para as crianças, que podem levar o conhecimento para dentro de casa e compartilhar com pais e avós. Além disso, a sociedade civil e iniciativas privadas podem incentivar, criar e divulgar trabalhos de educação digital para que os usuários desenvolvam habilidades e atitudes que vão além de saber mexer em alguns aplicativos.
Segundo os especialistas, se as instituições e governos não olharem para a realidade do país com mais atenção, os golpistas vão olhar. "Ainda há muita desigualdade quando falamos em inclusão digital. Embora 81% da população brasileira seja usuária da internet, o entendimento das ferramentas é limitado. O resultado disso é a facilidade na hora de enganar as pessoas pedindo senhas, depósitos, se passando por familiares, pedindo números de documentos e uma infinidade de estratégias que vão além de barreiras de proteção técnica", relata Costa.
Caiu no golpe?
O consumidor deve fazer um boletim de ocorrência na polícia civil da sua região. É importante formalizar uma reclamação no Banco Central (através do telefone 145 ou pelo site da instituição) e entrar em contato com seu banco ou financeira a qual pertence o débito do empréstimo consignado. Além disso, o consumidor deve, ainda, formalizar uma reclamação em um órgão de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) ou no Ministério Público.
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