Startups israelenses apresentam soluções para energias renováveis no Sul

Estudos revelam que o investimento para descarbonizar a indústria brasileira deve alcançar US$ 40 bilhões até 2050
José Eduardo Fiates (ao centro), Anastasiya Litvinenko e Juliano Froehner na abertura do evento promovido pela Fiesc

Uma das bandeiras da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a descarbonização, esteve no centro do evento que reuniu indústrias catarinenses e startups israelenses na quarta-feira (27). A Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc, em conjunto com a Câmara de Comércio SC-Israel e a Missão Econômica e Comercial de Israel no Brasil, viabilizaram a apresentação de soluções inovadoras na geração e conservação de energias renováveis desenvolvidas por empresas do país do Oriente Médio. A chefe da missão israelense, Anastasiya Litvinenko, explicou que Israel destaca-se em projetos inovadores na área de energias limpas dada sua necessidade de ser autossustentável na produção.

"Somos considerados uma ilha de eletricidade, já que temos pouquíssima integração com sistemas de países vizinhos. Temos a necessidade de aumentar nossa eficiência energética e a meta de sermos cada vez menos dependentes de combustíveis fósseis", destaca. Segundo ela, o país está revisando sua meta de produção de energias renováveis de 17% da matriz até 30% em 2030. O diretor de inovação e competitividade da Fiesc, José Eduardo Fiates, avalia que as similaridades entre Israel e Santa Catarina no que se refere ao ecossistema de inovação de ambos favorecem o desenvolvimento de parcerias de negócio e de novas tecnologias. "Temos muito o que aprender com Israel. Essa aproximação entre o estado de SC e Israel tem potencial para se transformar rapidamente em projetos concretos", afirma.

O evento DemoDay Descarbonização contou com a apresentação de seis empresas de Israel, com soluções inovadoras como a transformação, armazenamento e transporte de hidrogênio, redução de emissões e transformação de metais, produção de amônia com emissão zero de carbono e, ainda, a captura de carbono e sua conversão em gás natural. A Electriq apresentou o primeiro gerador de energia movido a hidrogênio em pó. A solução transforma o hidrogênio em um combustível em pó, facilitando o transporte e o armazenamento do insumo, reduzindo riscos ambientais e de explosões, por exemplo. A inovação apresentada pode ser usada para abastecer canteiros de obras, como backup para infraestruturas críticas, a exemplo de hospitais, geração auxiliar e projetos de microgrid e ainda como postos de abastecimento de veículos elétricos.

A Nitrofix trouxe sua solução para a produção de amônia com emissão de carbono zero. Usada largamente como fertilizante e nas indústrias alimentícia, de produtos de limpeza e higiene e também de equipamentos de refrigeração, a produção atual de amônia é responsável por cerca de 2% da emissão global de gases do efeito estufa. O processo de produção apresentado usa água e ar em vez de combustíveis fósseis, e reduz o gasto de energia pela metade em relação ao método atual. A Helios apresentou sua tecnologia para refinar minério de ferro com emissão direta de carbono zero, reduzindo o consumo de energia em 50% e de custos de produção em 20%. Armazenamento e transporte de hidrogênio também é o foco da tecnologia desenvolvida pela HydroX. Para isso, criou uma solução líquida não-tóxica, não-inflamável e não-explosiva para o armazenamento e transporte de hidrogênio. A H2Pro criou um processo que usa eletricidade para dividir a água em oxigênio e hidrogênio em duas etapas diferentes, sendo a primeira eletroquímica e a segunda baseada em um processo químico termo ativado. A inovação apresentada pela Standard Carbon usa a captura de carbono de emissões por meio de um solvente químico e o transforma em gás natural.

Descarbonização
Estudos da CNI revelam que o investimento para descarbonizar a indústria brasileira deve alcançar US$ 40 bilhões até 2050. Investir em projetos de descarbonização pode ser uma alternativa para as indústrias catarinenses gerarem receitas, além de reduzirem suas emissões. Pesquisa da Allied Market Research aponta que o mercado de hidrogênio limpo deve movimentar US$ 5,9 bilhões em 2030, enquanto o mercado de captura, uso e armazenagem de carbono deve alcançar US$ 7 bilhões no mesmo ano. Atenta a essas oportunidades, a federação catarinense lança durante a programação do Radar Reinvenção, em 3 de abril, o Hub de Descarbonização Fiesc. A iniciativa inédita visa mobilizar os setores produtivos, governo, universidades e centros de pesquisa para alcançar uma economia de baixo carbono. O evento DemoDay Descarbonização realizado nesta quarta-feira também contou com a participação do secretário de articulação internacional do governo do estado, Juliano Froehner, do presidente da Câmara de Comércio Santa Catarina-Israel, Daniel Leipnitz, e do presidente da Câmara de Assuntos de Energia da Federação, Manfredo Gouvea Junior.

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Sábado, 23 Novembro 2024

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