Quintou?
Em várias partes do mundo, a quinta-feira virou a nova sexta. É que o modelo de trabalho de quatro dias vem sendo discutido, principalmente após sua adoção por várias empresas do Reino Unido. A decisão por lá partiu de uma experiência envolvendo cerca de 2,9 mil trabalhadores em 61 empresas, que adotaram a nova carga horária de trabalho de junho a dezembro do ano passado, com resultados surpreendentemente benéficos para a saúde e produtividade dos trabalhadores. Os dados mostram que, ao final do experimento, 39% dos funcionários estavam menos estressados e 71% tinham níveis reduzidos de esgotamento. Da mesma forma, os níveis de ansiedade, fadiga e problemas de sono diminuíram, enquanto a saúde mental e física melhorou. Os resultados fizeram com que as empresas participantes do estudo tornassem a "semana de quatro dias" permanente.
Para Édio Bertoldi, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos seccional Santa Catarina (ABRH-SC), o debate é válido, mas longe de ser conclusivo – e, no Brasil, não é diferente. "Se, por um lado, estudos do assunto e experiências piloto realizadas indicam a possibilidade de mais qualidade de vida para as pessoas e maior produtividade e lucratividade para as empresas, por outro há quem indique que esse formato não se aplica a qualquer negócio devido a naturezas específicas de cada um, como, por exemplo, a área da saúde. Outro fato que se coloca na balança é o seguinte: será que os profissionais que já têm sobrecarga de trabalho conseguiriam realizar suas atividades em tempo menor?", questiona.
Os dados mundiais indicam que o debate sobre a redução da jornada de trabalho está longe de um consenso. Segundo a pesquisa Global Advisor - Predictions 2023, feita pela Ipsos em 36 países, apenas 34% dos brasileiros acreditam que as empresas do país vão adotar uma jornada de trabalho de quatro dias em 2023. A média global é de 37%, com os Emirados Árabes Unidos, com 68%, sendo os que mais acreditam em uma redução da jornada de trabalho – seguido pela Índia, com 63%, e Indonésia, com 54%. Já na outra ponta do ranking estão o Japão (15%), a Suécia (22%) e a Argentina (22%). "O debate é válido, o que é positivo para o amadurecimento da questão. Afinal de contas, as mudanças têm que ser boas para todos os envolvidos", resume Bertoldi. O próximo passo é acompanhar como as empresas brasileiras irão se posicionar – e, enquanto isso, seguir aproveitando o "sextou".
Esse conteúdo integra a edição 343 da revista AMANHÃ, publicação do Grupo AMANHÃ. Clique aqui para acessar a publicação online, mediante pequeno cadastro.
Veja mais notícias sobre Recursos HumanosGestãoCarreira.
Comentários: