Um museu de grandes novidades...
Se você gosta de marketing e tem viagem prevista para a Europa no segundo semestre, considere a possibilidade de esticá-la até Helsimburgo, no sul da Suécia. Nessa cidade fica The Museum of Failure (“O Museu dos Fracassos”), uma pequena exposição de produtos que deram errado – ou seja, que foram retirados de circulação depois de suas vendas “floparem”, para usar uma gíria atual. O museu é uma iniciativa de um pesquisador da área de inovação chamado Samuel West, e conta com atrações de diversas categorias: alimentos, bebidas, objetos descartáveis, perfumaria e, claro, tecnologia. Esta última, aparentemente, é a mais numerosa, e conta com clássicos da Apple (Newton), da Nokia (o desconhecido N-Gage), do Google e seu óculos de realidade virtual (o Glasses) e da Amazon (o celular Fire, já comentado neste espaço).
As mancadas da turma tech, no entanto, nem de longe constituem a parte mais interessante do museu, na minha opinião. Desse pessoal se espera que avancem assim, na base da tentativa e do erro. Às vezes, um produto chega cedo demais ao mercado, quando os consumidores não estão preparados para a tecnologia ou ela não se mostra suficientemente útil naquele momento (caso do Google Glass). Em outros, aparece tarde demais para recuperar o espaço perdido (caso da câmera digital da Kodak). Erros de concepção (o tal N-Gage, da Nokia, era um misto de game de bolso com celular) ou de execução (“avô” do iPad, o Newton, da Apple, simplesmente não funcionava direito) misturam-se a outros, que combinam ambos e alguns mais (preço e branding, como no caso do Fire Phone, da Amazon). Mas sabe-se que no mundo da tecnologia o fracasso é mais tolerável, uma vez que se trabalha envolto em espessas nuvens de incerteza.
Para além dessa categoria, há outros erros que soam até compreensíveis, especialmente quando surgidos da provável necessidade de criar novidades em categorias maduras e de baixa capacidade inovativa. Caso da Bic, que lançou modelos para mulheres de sua caneta descartável (“Bic for Her”), como se a boa e velha esferográfica não fosse suficientemente unissex, ou da Coca-Cola, que ao querer criar mais uma versão do estagnado refrigerante centenário, lançou a BlaK, com sabor café.
Não é o caso, contudo, de outros tantos erros empresariais disponíveis no museu, que soam bizarras. O perfume da Harley Davidson, por exemplo, parecia ignorar que a simbologia rebelde da marca não a autorizava a lançar item tão delicado e superficial. E a lasanha Colgate – sim, você não leu errado – dispensa comentários...
Se o museu oferece algum ensinamento, é de que não vale ficar se penitenciando pelas bobagens que vez por outra são cometidas, e sim seguir em frente. À exceção da Kodak, todas as empresas citadas acima continuam vivinhas da silva, apesar dos percalços. E um dos retratados no museu, em especial, está no topo do poder mundial: um jogo de tabuleiro endossado por Donald Trump (foto) faz parte do acervo.
Serviço: para saber mais sobre o museu e conferir fotos de alguns dos produtos expostos, seguem três matérias da imprensa brasileira aqui, aqui e aqui. E, ao clicar aqui, você conhece o site oficial do local.
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