Pátria minha
Dizem que a melhor forma de unir um país é arrumar um inimigo externo. Foi assim com a ditadura argentina e a invasão das Malvinas, em 1982, e com a Guerra ao Terror patrocinada pelos Estados Unidos no início deste século. Agora, parece ser o caso do Canadá - mas não no terreno militar, e sim econômico.
Desde que Donald Trump anunciou, a sério ou por bravata, a intenção de transformar seu vizinho ao norte no 51° estado americano, uma onda de patriotismo invadiu o país da folha de plátano e motivou campanhas de boicote a produtos dos EUA e de incentivo a fabricantes locais. Um fenômeno que traz lições a profissionais de marketing de todos as geografias.
"Animosidades antigas ou atuais entre países podem significar a queda nas vendas de produtos oriundos de uma nação naquela que se sente prejudicada", dizem dois pesquisadores. E acrescentam: trata-se de uma repulsa "completamente alheia a considerações sobre a qualidade dos produtos".
Os autores lembram que, enquanto o noticiário e as pesquisas de opinião são suficientes para manter empresas atentas a rixas correntes, às vezes somente os livros de história conseguem explicar antipatias herdadas. É o caso da rejeição de judeus a produtos alemães e de chineses acerca de artigos japoneses, rescaldos de conflitos que datam da primeira metade do século XX.
O que fazer para superar esses obstáculos? Criar uma marca específica para o país em que se pretende aportar ou associar-se a um player local são opções, não sem antes conduzir estudos que meçam o nível de ojeriza dos consumidores de uma nação em relação a itens de outra.
Mas não deixa de ser curioso: o comércio é um dos veículos da paz mundial, pois reprime tentações bélicas em nome do suprimento de mercadorias. Ao tornar-se palco de disputas fundadas em rivalidades políticas e diplomáticas, confirma a impressão de que vivemos, hoje, um retrocesso – econômico e civilizatório.
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