Coronavírus causará perdas de US$ 1 trilhão ao PIB mundial

Economia deve desacelerar e crescer menos de 2%, estima Unctad

A incerteza econômica causada pelo Covid-19 deve custar US$ 1 trilhão à economia global em 2020, prevê a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Segundo o diretor da divisão Globalização e Estratégias de Desenvolvimento da agência, Richard Kozul-Wright, a economia deve desacelerar e crescer menos de 2%. O especialista disse que o vírus causa instabilidade nos mercados financeiros mundiais, preocupações sobre a cadeia de suprimentos mundial e incerteza no preço do petróleo. Segundo ele, poucos países devem escapar aos seus efeitos. Na segunda-feira (9), os mercados financeiros tiveram a sua maior queda desde a crise financeira de 2008. Os preços do petróleo também caíram de forma acentuada. Na terça-feira (10), os mercados continuavam instáveis, com alguns sinais de recuperação.

A Unctad também analisou as consequências do pior cenário, em que a economia mundial cresceria apenas 0,5%, concluindo que teria um impacto de US$ 2 trilhões no Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no mundo). Kozul-Wright disse que é difícil prever como os mercados financeiros irão reagir, mas que os sinais "sugerem um mundo extremamente ansioso". Segundo ele, "existe um grau de ansiedade que está muito além dos problemas de saúde, que são muito sérios e preocupantes". Para combater esses desafios, o especialista disse que "os governos precisam investir para evitar um tipo de colapso ainda mais prejudicial".

Kozul-Wright afirmou ainda que a China, onde o vírus surgiu em dezembro, deve introduzir "medidas expansionistas", como aumento da despesa e cortes de impostos. Segundo ele, os Estados Unidos devem seguir o mesmo caminho. Sobre a Europa e a zona euro, o especialista disse que os sinais já eram negativos no final de 2019. Agora, é "quase certo" que a região deve entrar em recessão nos próximos meses. Ele destacou a economia da Alemanha, dizendo que é particularmente frágil, a Itália e outros países da periferia, que devem enfrentar "tensões muito sérias."

Sobre os países da América Latina, o especialista da Unctad declarou que são igualmente vulneráveis e que a Argentina, em particular, "estará lutando contra os efeitos indiretos dessa crise". Os países de baixa renda, cujas economias são impulsionadas pela venda de matérias-primas, também serão atingidos. Kozul-Wright concluiu dizendo que "são necessárias uma série de respostas políticas e reformas institucionais para impedir que um susto de saúde localizado na China se transforme em um colapso econômico global".

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Sábado, 23 Novembro 2024

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