David Bowie também inovou no mercado financeiro
David Bowie não revolucionou apenas a música ao longo dos 54 anos que separam a fundação da sua primeira banda e sua morte neste domingo (10) aos 69 anos, vítima de um câncer. O artista também será lembrado por ter sido o criador de um novo instrumento financeiro: os bonds de celebridades lastreados em rentabilidade passada.
Era 1997 e David Robert Jones (o nome de batismo do cantor) queria comprar de volta suas músicas antigas cujos direitos estavam nas mãos do seu ex-empresário. Para levantar fundos, Bowie desenvolveu junto com o banqueiro David Pullman os chamados "Bowie Bonds". Eles emitiram títulos da dívida do artista que prometiam como retorno a renda gerada pela sua discografia anterior, composta por 25 álbuns. A taxa de juros dos Bowie Bonds foi até que bastante alta para os padrões do mercado norte-americano: 7,9% ao ano durante uma década. Pullman, por sinal, contou que foi a primeira vez que um músico vendeu propriedade intelectual via bond. Depois de Bowie, outros cantores recorreram ao expediente, como é o caso de James Brown, mestre do funk, e Marvin Gaye, um gigante da Soul Music.
Com os títulos, Bowie levantou US$ 55 milhões, mas eles não foram um sucesso tão grande assim. Em 2004 a Moody's os deixou no limiar do grau de investimento. A agência de classificação de risco justificou que a decisão foi motivada pela receita menor do que a esperada por conta de uma "fraqueza na venda de músicas". Fazia sentido já que a pirataria na internet já começava a fazer um belo estrago nas receitas das gravadoras. Essa não foi a única empreitada de Bowie no mundo das finanças. Em 2000 ele lançou o Bowie Bank, sua instituição financeira on-line, mas o projeto afundou em pouco tempo.
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