Investidores processam Grupo Bitcoin Banco
O Grupo Bitcoin Banco (GBB), dono de plataformas de negociação de criptomoedas, está há mais de dois meses sem apresentar uma solução concreta para milhares de clientes que não conseguem sacar de suas contas, seja em reais ou em criptoativos. Enquanto isso, os processos judiciais se multiplicaram em grande velocidade cobrando a empresa e seu dono, Claudio Oliveira, que até maio se promovia como “o rei do bitcoin”. As informações foram veiculadas nesta terça-feira (13) pelo ValorInveste. De acordo com a publicação, os prejuízos são incalculáveis, mas é possível estimar que alcançam centenas de milhões, quando somado o valor inicial aplicado pelos investidores mais os lucros que eles viam em suas posições nas plataformas.
“Com sede em Curitiba (PR), o grupo, que tem as plataformas NegocieCoins e TemBTC, tornou-se alvo de, pelo menos, mais de 100 processos judiciais em diversos estados, que cobram um valor somado superior a R$ 70 milhões, segundo o advogado paranaense Gustavo Bonini Guedes, que atende dois grupos de famílias que não conseguem resgatar seus recursos. Ele explicou, contudo, que há diversos outros casos em segredo de Justiça e sobre os quais não é possível estimar os valores cobrados — segundo investidores, o sigilo teria sido solicitado por Oliveira, o fundador do GBB”, detalha a reportagem.
“Desde o início dos problemas, no fim do mês de maio, Oliveira tem prometido sanar a situação em vídeos e áudios que circulam nos diversos grupos de conversas, nos aplicativos WhatsApp e Telegram, de clientes prejudicados. A mais recente gravação, um áudio, é do fim de semana. Durante quase sete minutos, o empresário admite a continuidade dos problemas com os saques e diz trabalhar em uma solução, mas sem especificar qual. Na mensagem, argumenta que os problemas foram ampliados pelos próprios pedidos de saques e pelos clientes que levaram a situação à Justiça, o que gerou diversos bloqueios de contas e patrimônio. A situação chegou a tal ponto que alguns investidores promoveram protestos no sábado (10) e na segunda-feira (12) na frente da sede do grupo empresarial, na capital paranaense”, revelam os jornalistas Graziella Valenti e Rafael Gregorio.
Um porta-voz da controladoria do GBB afirmou ao Valor que o grupo está solicitando prazo de mais 30 dias para solucionar a situação e que os saques estão limitados, nesse período, a R$ 10 mil ou 0,25 bitcoin por cliente. “O grupo congelou as contas após alegar ter sofrido uma fraude de R$ 50 milhões. Na ocasião, segundo o próprio GBB, foi descoberta uma fragilidade por meio da qual um usuário poderia fazer saques simultâneos — se estivesse plugado à plataforma em mais de um dispositivo”, afirma a matéria.
De acordo com a reportagem, na mesma época, o Brasil Plural, titular da conta da NegocieCoins, cancelou a conta bancária da "exchange". Consultada, a instituição informou que, “após questionar as movimentações da NegocieCoins e não receber os esclarecimentos satisfatórios”, encerrou imediatamente qualquer relacionamento comercial. O Brasil Plural afirmou que o GBB “está expressamente proibido de utilizar o nome do banco” e que "não possui qualquer controle ou envolvimento sobre o sistema de negociação de criptomoedas”, feito diretamente na plataforma.
Ao Valor, o porta-voz do GBB afirmou que há três problemas concomitantes hoje: a falta de uma conta bancária para movimentação, desde o cancelamento do Brasil Plural, o congelamento das posições de bitcoin do GBB após a fraude (o que, segundo a empresa, foi feito para que fosse realizada uma auditoria) e os processos judiciais. Segundo ele, a dificuldade de abertura de conta se deve ao “desinteresse comercial” dos bancos. O GBB também afirmou, por meio do seu representante de marketing, que tem 400 mil clientes cadastrados e 50 mil ativos. Entretanto, não quis fornecer qual o montante está preso em suas plataformas de negociação. Também alegou que não poderia comentar como vai solucionar o que está em juízo por serem discussões protegidas por segredo de Justiça.
“Como resposta às consultas da reportagem, o grupo afirmou ter pago a clientes mais de R$ 100 milhões desde o início da crise, mas não informou quanto totalizam os pedidos de resgates nesta terça-feira. Há diversos relatos segundo os quais Oliveira fez acordos com os clientes (com confissões de dívidas em âmbito extrajudicial, em alguns casos), pagou o sinal (um percentual abaixo de 10%) e não honrou o restante do compromisso. É o caso de um dos clientes do advogado Gustavo Bonini Guedes. As causas que ele representa somam R$ 11 milhões. Como não foram pagos os acordos, ele iniciou uma ação de execução no valor de R$ 13 milhões, que inclui multas e sucumbências”, revela o ValorInveste.
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