Para a Sirros, inovar começa por resolver uma dificuldade concreta

Companhia digitaliza operações fabris a partir das próprias necessidades dos clientes
Trabalho em equipe: internamente, a Sirros organiza seus processos montando times de pesquisa

A gaúcha Sirros nasceu em 2016 com apenas quatro sócios e um propósito que muitos não entendiam bem na época: explorar o conceito de IoT, sigla em inglês para Internet das Coisas. Antes de ser uma fraqueza, a postura da Sirros representava uma ousadia: oferecer a pequenas e médias indústrias soluções tecnológicas diferenciadas, inéditas no mercado, com o propósito de resolver problemas expressivos dos clientes. Basicamente, vendia um mix que incluía, entre outros itens, equipamento físico eletrônico, câmeras computacionais, sensores e placas eletrônicas para captar informações do chão de fábrica.

Logo ficou claro que havia uma oportunidade: ganhar espaço, também, entre empresas de grande porte. "Geralmente, empresas grandes compram de outras grandes. Mas, quando viram que tínhamos uma tecnologia superior ao que se tinha no mercado e com um custo mais acessível, começou a fazer sentido para elas", recorda Diego Schlindwein, head de operações da empresa. "Se fôssemos fazer um paralelo, seria como táxi e Uber", ilustra Diego. "Ambos são carros e levam o cliente ao lugar desejado, mas o Uber vem sendo o preferido pela praticidade, digitalização, custo e experiência que oferece. Nossa tecnologia é nessa linha, similar ao que já se tinha no mercado, mas com uma experiência e usabilidade diferentes daquelas com as quais estavam acostumados a lidar."

O primeiro grande cliente chegou em 2018. O Grupo Randon contratou a Sirros para implantar dispositivos IoT e digitalizar operações que faziam uso de máquinas antigas. O resultado foi um ganho de produtividade de 5%, e a Randon desafiou a empresa a avançar neste processo e dobrar o percentual. Isso fez com que a Sirros desse uma guinada e mudasse o foco de pequenas e médias empresas para grandes corporações. Desde então, passou a atender a Fras-le e outras empresas do grupo Randon. Usiminas, BRF, Ambev e Suzano logo juntaram-se à cartela.

Hoje em dia, a Sirros já conta com uma equipe de cerca de 35 pessoas, e vem dobrando anualmente de tamanho em termos de faturamento e amplitude da operação mesmo sem nunca ter captado investimento. "Nós nos consideramos bootstrap, sempre crescendo com recurso próprio que a própria empresa gera", explica Schlindwein. Em 2022, a Sirros passará pela sua primeira captação de recursos, focada em continuar dobrando o crescimento anualmente por pelo menos mais três anos. O objetivo é estender ao restante do Brasil o atendimento já presente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e São Paulo.

Para uma empresa que já nasce com o propósito de inovar, manter-se atualizada parece mais fácil. Mas a Sirros não para por aí. Além de se fazer presente em eventos e feiras nacionais e internacionais, está constantemente captando novidades pelo mundo e importando tecnologias para usar por aqui. Outra estratégia importante é desenvolver as tecnologias a partir das próprias necessidades dos clientes. "Não inovamos por inovar. É sempre com objetivo, de forma a entender o que o cliente quer", ressalta Schlindwein.

Internamente, a Sirros também organiza seus processos de maneira a incentivar a inovação. O CEO, Romulo Pehls, é diretamente conectado com o setor de pesquisa e desenvolvimento, preocupado em criar times e grupos de estudo internos focados exclusivamente em pesquisar novas tecnologias, comprar equipamentos de fora do país e desenvolver novidades. Uma das mais recentes invenções foi a implantação de câmeras nanocomputacionais em empilhadeiras para evitar atropelamentos no chão de fábrica. Pensado a partir do pedido de um cliente, a Sirros aposta que o produto possa ser o carro-chefe do crescimento em 2022 e 2023. "Estudamos como resolver, perguntamos para outros clientes se eles tinham o mesmo problema e vários tinham. E aí vamos entendendo a oportunidade de inovação onde ninguém ocupa o espaço", explica o head de operações. As câmeras para empilhadeiras já estão rodando de maneira piloto em pelo menos cinco grandes empresas do Brasil e seguem sendo aprimoradas conforme necessário.

Para Schlindwein, o crescimento expressivo da Sirros se deve à valorização que as empresas vêm dando para a Internet das Coisas e à crescente necessidade de ganho de produtividade. "Por isso a empresa busca digitalizar. O mundo do IoT industrial é grande, com cidades inteligentes, carros conectados e mais gente atuando nessa linha. Nosso foco é produzir mais com menos de forma segura", sintetiza. "É impossível resolver problemas que temos hoje relacionados à produtividade e segurança industrial sem IoT. Anotar as coisas no papel e depois passar para uma planilha do Excel não cabe mais, é extremamente ineficiente e muito caro." Em outra área, a de segurança do trabalho, caem por terra práticas como a de contratar técnicos de segurança para andarem pelo chão de fábrica. "Isso pode ser substituído por uma câmera que faça este trabalho 24 horas por dia, enquanto o técnico fica liberado para definir estratégias de acordo com o que é observado", exemplifica Schlindwein.

Esse conteúdo integra a edição 340 da revista AMANHÃ, publicação do Grupo AMANHÃ, que trouxe os resultados da 18ª edição do ranking Campeãs da Inovação. Clique aqui para acessar a publicação on-line, mediante pequeno cadastro.

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Domingo, 24 Novembro 2024

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