Copom prevê inflação mais longa devido ao conflito na Ucrânia

Ata reafirmou compromisso de reajuste de 1 ponto percentual na próxima reunião
O comitê reconheceu que o cenário é "desafiador para a convergência da inflação às suas metas"

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou que o conflito entre Rússia e Ucrânia e o choque de oferta de preços de commodities (produtos primários, com cotação internacional) levam ao aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial, com "potencial de exacerbar as pressões inflacionárias". O comitê indicou, em ata da reunião realizada na semana passada, que deve aumentar novamente a taxa básica de juros, a Selic, em um ponto percentual no próximo encontro, no início de maio.

Na última quarta-feira (16), o Copom decidiu, por unanimidade, elevar em 1 ponto percentual a Selic, que agora está em 11,75% ao ano. Na avaliação do comitê, o conflito entre Rússia e Ucrânia resultou em "novo impulso" nas cadeias de produção globais, com as sanções impostas à Rússia, podendo levar a "pressões inflacionárias mais prolongadas" na produção de bens. "A reorganização das cadeias de globais, com a criação de redundâncias na produção, no suprimento de insumos e mudança no tratamento dos estoques de bens (no sentido de se deter maiores estoques), ganhou novo impulso com o conflito na Europa e as sanções aplicadas à Rússia", diz o documento.

O comitê declarou ainda que a inflação ao consumidor segue elevada, "com alta disseminada entre vários componentes, e mais persistente que o antecipado". Ressaltou que as diferentes medidas revelam que a inflação deve permanecer "acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta", que é de 3,5%, com variação de 1,5 ponto percentual. "A alta nos preços dos bens industriais não arrefeceu e deve persistir no curto prazo, enquanto a inflação de serviços acelerou ainda mais. As leituras recentes vieram acima do esperado, e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis quanto nos mais associados à inflação subjacente", diz o Copom.

Na visão do comitê, o cenário "recomenda que a política monetária reaja aos impactos secundários desse tipo de choque". Com isso, o Copom também passou a trabalhar com cenário alternativo, no qual o barril de petróleo passe a custar US$ 121 no fim de 2023, valor bem acima das projeções de mercado. "O comitê observou que o atual ambiente de incerteza e volatilidade elevadas demanda serenidade para a avaliação dos impactos de longo prazo do atual choque e, portanto, optou por comparar essa hipótese com os preços de contratos futuros de petróleo, negociados em bolsas internacionais, e com projeções de agências do setor", detalha o documento.

Com base nesse cenário, o Copom informou que optou por trajetória de juros mais tempestiva e que essa preferência expressa cautela em relação às probabilidades atribuídas aos cenários levantados, a mensuração dos efeitos de segunda ordem, bem como seu comprometimento com a convergência da inflação e das expectativas para as metas de inflação no horizonte relevante. O comitê reconheceu, entretanto, que o cenário é "desafiador para a convergência da inflação às suas metas" e disse que estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário, caso o cenário evolua desfavoravelmente.

"Com base nesses resultados, os membros do Copom debateram a estratégia mais apropriada. Concluiu-se que um novo ajuste de 1 ponto percentual, seguido de ajuste adicional de mesma magnitude, é a estratégia mais adequada para atingir aperto monetário suficiente e garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos", afirma a ata.

Com Agência Brasil

Veja mais notícias sobre EconomiaBrasil.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Segunda, 25 Novembro 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br./