Confiança do comércio volta a cair em setembro

Comerciantes acreditam que vendas vão crescer nos próximos meses, mas poucos sentem melhora atualmente
Oito em cada dez comerciantes estimam que as vendas aumentarão nos próximos seis meses, mas apenas quatro sentem melhora nas vendas atualmente

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) marcou 113,1 pontos em setembro, registrando uma queda de mensal 0,7%, descontados os efeitos sazonais. A retração do otimismo no comércio, após breve recuperação em agosto – quando o índice aumentou em 0,3% –, volta para a trajetória de queda apontada até julho. A pesquisa é realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo o estudo, oito em cada dez comerciantes estimam que as vendas aumentarão nos próximos seis meses, mas apenas quatro sentem melhora nas vendas atualmente. Apesar das expectativas para o próximo semestre se manterem na zona otimista, com 145,2 pontos, o indicador se destaca com a maior queda no mês, de 1%.

Além disso, a visão do comerciante sobre as condições atuais teve leve queda, de 0,1%, por conta da piora da percepção sobre o desempenho da própria empresa, que reduziu 1,8% em relação a agosto. "As operações dos negócios, de forma geral, ainda sofrem para impulsionar as vendas, principalmente nos segmentos mais dependentes das vendas a prazo. A alta alavancagem das empresas é outro ponto de atenção", aponta a economista da CNC responsável pelo Icec, Izis Ferreira.

Apesar da queda recente dos juros, a inadimplência empresarial segue crescente. De acordo com dados do Banco Central, a inadimplência das pessoas jurídicas vem crescendo de forma acelerada desde a segunda metade de 2022. Do total de crédito concedido às empresas, 3,3% está com inadimplência há mais de três meses, o maior percentual desde agosto de 2018. O mesmo quadro predomina entre os consumidores. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (Peic), também apurada mensalmente pela CNC, revela que houve uma redução do volume de endividados, porém a proporção de consumidores com dívidas atrasadas aumentou.

Os números contribuem para a redução acentuada da confiança do comércio no ano, que caiu 9,9%. "Desde janeiro, percebemos uma diminuição do otimismo do varejo na base de comparação anual, que se intensificou ainda no segundo trimestre. Essa dinâmica reflete a crise de crédito no setor", comenta Izis. Nas vésperas das datas mais relevantes no calendário do comércio, os varejistas também apontam retração mais intensa das intenções de investimentos na empresa, que reduziram 12,1%, e na contratação de funcionários, que diminuiu 10%. O termômetro do otimismo piorou em setembro nos três grupos de lojas do varejo pesquisados: bens duráveis, não duráveis e semiduráveis. A confiança do varejista de duráveis apresentou a queda mais expressiva, de 2,9%, seguida dos não duráveis, com redução de 2,3% e semiduráveis, diminuição de 1,3%. Já na comparação anual, a maior redução do indicador ocorreu entre os varejistas de roupas, calçados e acessórios, com 10,7% a menos que no mesmo mês de 2022.

Com os ajustes necessários nas prateleiras promovidos pelos varejistas, diante das vendas sem crescimento acentuado, o desempenho do indicador de estoques foi o único que melhorou no ano, com alta de 3,5%. Mais da metade dos comerciantes (61,3%) afirma que o estoque está em nível adequado, o maior percentual desde o final do ano passado. Nesse sentido, o setor de varejo de roupas, calçados e acessórios se destaca com o volume mais alto. O nível de adequação dos estoques é menor no grupo de semiduráveis (roupas, calçados, tecidos, acessórios). Para 57,8% desses comerciantes, os estoques estão adequados, proporção mais baixa do que há um ano, quando era de 61,3%. "Com maior dificuldade de ampliar vendas, esses negócios precisaram recorrer com mais frequência a liquidações, ofertas, e outras estratégias de venda", destaca Ferreira.

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Domingo, 24 Novembro 2024

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