Confiança do comerciante atinge menor patamar em 18 meses

Desaceleração econômica e crise no crédito são as principais causas da redução do índice
Dos comerciantes entrevistados, 44,5% consideram que as vendas e as condições para operação pioraram

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) atingiu 115,4 pontos em fevereiro, queda de 1,4%, descontados os efeitos sazonais. Essa foi a terceira redução consecutiva do Icec, medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com a diminuição mensal de todos os indicadores, a confiança do comerciante chegou ao menor nível desde agosto de 2021. Na comparação anual com fevereiro de 2022, o Icec teve uma queda mais acentuada, de 3,3%. O destaque do mês foi a piora no olhar do presente: o índice que mede a satisfação sobre as condições atuais diminuiu 2,8%. A satisfação com a economia caiu 5,1% no mês, com o setor reduziu 3,6% e com a própria empresa, apresentou queda de 1,0%. Pela primeira vez desde maio de 2022, a maioria dos varejistas (50,6%) considera que o desempenho da economia está pior do que no mesmo período do ano passado. Com isso, o índice de condições atuais da economia chegou a 93,3 pontos, na zona pessimista.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, são diversos os fatores que influenciaram esses resultados. "A desaceleração da atividade econômica e das vendas no varejo, que provocaram uma piora nas avaliações sobre a economia e o setor do comércio, vem acompanhada de inflação ainda fora da meta, juros elevados e perda de fôlego nas contratações formais de trabalhadores", diz o presidente. Dos comerciantes entrevistados, 44,5% consideram que as vendas e as condições para operação pioraram. Essa proporção vem aumentando desde novembro – período do ano considerado como o melhor momento sazonal para o varejo.

Crise de crédito no horizonte
"Os juros altos alavancaram os negócios e o grande varejo acendeu um alerta para uma possível crise de crédito no setor", explica Izis Ferreira, economista da entidade responsável pelo estudo. O Icec apontou que a pretensão de investir no capital físico e na expansão dos negócios é a menor em dez meses, com 47% dos tomadores de decisão afirmando que reduzirão esses investimentos. A economista indica que os lojistas de todos os segmentos do varejo consultados expressaram que vão enxugar seus aportes, com destaque para a queda mais expressiva em fevereiro, de 3,4%, entre os varejistas de produtos duráveis. Com isso, o indicador atingiu a zona de pessimismo, com 98,5 pontos. "Com a inadimplência elevada e a inflação desancorada, os juros permanecerão elevados este ano, reverberando negativamente no consumo de bens dependentes do crédito", avalia Izis.

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Domingo, 24 Novembro 2024

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