Por quais razões o mercado torce por Hillary Clinton
Ela já disse que quer implantar o Bolsa Família nos Estados Unidos e já chamou a presidente Dilma Rousseff (PT) de "um forte intelecto" e um "exemplo de luta contra a corrupção". Identificada com a esquerda norte-americana, a candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, provavelmente seria considerada a adversária dos interesses de Wall Street nas eleições de 2016. Mas, para a revista Fortune, ela deveria ser a escolha do mercado. Parece contraditório? A publicação indica diversos motivos do porquê a ex-primeira dama é a melhor escolha para a Casa Branca. A seguir, saiba quais são quatro deles.
1. Republicanos estão ficando populistas
O exemplo de 2012 não é muito favorável para que os investidores vejam potencial no partido Republicano. Mitt Romney, um moderado, foi sendo arrastado pelo Tea Party à extrema direita, o que confundiu os eleitores. O mesmo poderia ocorrer com Jeb Bush, ex-governador da Flórida e provável candidato republicano em 2016. Sua guinada populista fica patente com o seu comitê de ação política, o Rise-to-Rise, que define a desigualdade social como um dos principais problemas da economia norte-americana. Apesar do discurso atual, alinhado com o que prega Barack Obama, seu passado é de um núcleo mais conservador, ou seja, ele pode acabar sofrendo rejeição tanto do eleitorado mais conservador quanto do mais moderado. Entre os outros possíveis candidatos, Ted Cruz, Rand Paul e Marco Rubio sofrem de problemas como raízes liberais e falta de experiência na política externa no caso dos dois primeiros e atuação na reforma da imigração no caso do último, que terá sérias dificuldades para reconquistar os hispânicos. A conclusão a que se chega é que com tantos obstáculos a uma vitória republicana, apostar no partido agora seria um desperdício de dinheiro.
2. Hillary tem credenciais de amigável aos mercados
Sim, Hillary Clinton já deu declarações duras contra o "pagamento excessivo" aos CEOs, algo que poderia colocá-la na categoria de seguidores do economista francês Thomas Piketty com a sua crítica à sociedade dos super-empresários. No entanto, a desigualdade dos rendimentos pode ameaçar a economia norte-americana, que dá seus primeiros passos para fora da crise e tem um Federal Reserve extremamente cauteloso quanto a aumentar os juros. Salários estagnados reduzem o consumo e não tem incentivado o trabalhador médio. Nesse sentido, Piketty e Hillary andam de mãos dadas com Warren Buffet e Bill Gates, que analisam o impacto da desigualdade no longo prazo como prejudicial ao crescimento da economia. Além disso, a família Clinton, longe de ser conhecida como uma turba de socialistas radicais, costumam preferir trabalhar com o mercado para achar soluções para o problema do que contra ele. Também contaria como ponto positivo o fato de que seu marido, Bill Clinton, errou ao se recusar a monitorar o mercado de derivativos mais de perto e ao reduzir os pré-requisitos para os empréstimos no setor imobiliário, de modo que ela estaria menos propensa a cometer o mesmo equívoco sob o risco de ser vista como a causadora de uma nova crise econômica global.
3. Ela entende de política externa
Apesar dos erros no Oriente Médio e do escândalo quando se soube que ela usava seu e-mail pessoal para conduzir questões do Departamento de Estado, Hillary é bem familiar a algo que é extremamente importante para Wall Street: a política da China e da Índia. A pré-candidata é crítica às violações de direitos humanos na segunda maior economia do mundo, mas já expressou o desejo de melhorar as relações com o gigante asiático, principalmente na seara econômica. Vale lembrar que tanto o mercado chinês quanto o indiano têm ainda um potencial bastante alto para os negócios e investimentos dos EUA. No caso da Índia, os Clintons são bem conhecidos por lá e possuem uma boa história diplomática com a região.
4. A ameaça de uma presidência de Elizabeth Warren
Se à primeira vista, Hillary Clinton parece uma adversária dos investidores, a senadora de Massachucetts, Elizabeth Warren, não seria menos do que a arqui-inimiga dos mercados. Warren fez sua reputação atacando os excessos de Wall Street com um estilo agressivo e retórica combativa que poderia dividir ainda mais a política em Washington. Não bastasse isso, política externa, algo muito mais crucial nos EUA do que em qualquer outro país, também não é o forte dela, sendo o único ponto que a aproxima dos possíveis rivais republicanos.
O texto da Revista Fortune, colocando todas estas cartas à mesa, lembra ainda que Hillary não é perfeita, mas ainda é a melhor escolha para proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos.
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