RS e BNDES negociam parceria estratégica sobre desastres ambientais

Plano prevê projetos para desenvolver sistemas de proteção
O evento promovido pelo BNDES reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros para tratar de temas ligados à prevenção e reconstrução de regiões afetadas por desastres climáticos

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, informou que negocia uma parceria estratégica com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obter recursos que viabilizem estudos e projetos que tornem o estado resiliente. O Rio Grande do Sul enfrenta efeitos da calamidade causada por temporais no fim de abril e durante o mês de maio. "[A parceria] é uma análise das regiões mais afetadas nesse último evento climático com os estudos e os projetos para desenvolver os sistemas de proteção e de alerta robustos que o Rio Grande do Sul passará a ter para enfrentar essa nova realidade climática", anunciou. Leite não deu detalhes sobre o volume de recursos financeiros envolvidos. A declaração, por meio de uma mensagem de vídeo, foi durante um seminário na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, na terça-feira (18).

O evento reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros para tratar de temas ligados à prevenção e reconstrução de regiões afetadas por desastres climáticos. Um dos presentes foi o arquiteto chinês e paisagista da Universidade de Pequim Kongjian Yu, criador do conceito de cidades-esponja, planejadas para melhor absorver grandes quantidades de chuva e evitar enxurradas. Leite disse que números mostraram que a calamidade de maio se configurará como o "maior desastre climático do Brasil", em termos de extensão territorial e impacto econômico. "O impacto que tem na nossa produção, desde a agropecuária, a indústria, o setor de serviços, a logística, que foi comprometida, do aeroporto que ainda está fechado, às estradas que foram bloqueadas", descreveu o governador, acrescentando que a habitação também foi severamente atingida.

Um levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) apontou que os alagamentos resultaram em paralisação parcial ou total de 63% das fábricas gaúchas, sendo que 93% das interrupções alcançaram até 30 dias. Para Leite, um fator crítico para a recuperação do estado é a "resiliência". Ele disse que o governo articula com municípios e o governo federal ações que possibilitem a reconstrução gaúcha, incluindo parcerias com o setor privado. O governador gaúcho diz esperar que a reconstrução do estado seja referência positiva para outras regiões que venham a sofrer com tragédias ambientais. "O Rio Grande do Sul será a boa referência sobre o que deve ser feito e que será feito nessas parcerias que estamos desenvolvendo, inclusive com o BNDES", destacou.

Prevenção com estudantes
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, defendeu que estudantes recebam formação para prevenção contra desastres naturais. Ele citou como inspiração para a ideia um caso ocorrido em 2005, na Tailândia, quando uma menina salvou de um tsunami pessoas que estavam na praia. A menina tinha aprendido na escola que o recuo do mar era sinal de ondas gigantes. "Ela saiu correndo e alertando todo mundo", lembrou. "Precisamos envolver os estudantes dos ensinos médio e fundamental 2 [do 6º ao 9º ano] para trabalhar como uma força auxiliar da defesa civil, porque eles têm capacidade de aprendizado, estão organizados nas escolas", assinalou. O presidente do BNDES enfatizou esforços do banco público para a reconstrução do Rio Grande do Sul, com financiamento subsidiado para custeio de empresas e investimentos.

Mercadante citou dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres que apontam as tragédias climáticas como responsáveis por 45% de todas as mortes reportadas em 50 anos, além de um dano para a economia global que chega a US$ 383 milhões por dia – equivalente a mais de R$ 2 bilhões. Entre as iniciativas do BNDES, banco que completa 72 anos na próxima quinta-feira (20), ele citou investimentos para o arco da restauração na Amazônia. "Queremos colocar R$ 1 bilhão em plantio de árvores. Já investimos metade desse valor. É uma tecnologia muito simples e muito eficiente para sequestro de carbono", ressaltou. O sequestro de carbono consiste em evitar que gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global, cheguem à atmosfera.

Com ABR

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Sábado, 23 Novembro 2024

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