O Brasil corre o risco de ficar na poeira

A tradicional análise sobre competitividade, elaborada pelo Fórum Econômico Mundial (The Global Competitiveness Report 2017-2018), divulgada no final de setembro, traz dez países asiáticos, mais a Rússia, em destaque no ranking geral: Cingapura (3º),...
O Brasil corre o risco de ficar na poeira

A tradicional análise sobre competitividade, elaborada pelo Fórum Econômico Mundial (The Global Competitiveness Report 2017-2018), divulgada no final de setembro, traz dez países asiáticos, mais a Rússia, em destaque no ranking geral: Cingapura (3º), Hong Kong (6º), Japão (9º), Taiwan (15º), Malásia (23º), Coréia do Sul (26º), China (27º) Tailândia (32º), Indonésia (36º), Rússia (38º) e Índia (40º). O Brasil alcançou a 80ª posição entre os 137 países estudados. A nossa realidade está colocada agora de maneira inequívoca, comparada com a dos demais países do mundo. Estamos atrás na média geral até do Uruguai (76º). E comparar a situação do Brasil, China e Índia, item por item, é chocante, tão distantes estamos dos dois maiores em população (veja tabela completa com as posições de cada país ao final deste post).  

O único no qual o Brasil supera a China e a Índia é o da “Formação tecnológica” – e, no ritmo diferenciado em que os três países caminham, é bem provável que seremos ultrapassados também nesse item nos próximos cinco anos. Em relação à infraestrutura, perdemos feio para a China, quando se compara a malha ferroviária dos dois países – ambos continentais: lá são 120 mil quilômetros operacionais, dos quais 19 mil quilômetros de alta velocidade (310 km/h), e aqui não chegamos a 30 mil quilômetros operacionais. A meta chinesa para 2025 é de 175 mil quilômetros, dos quais 38 mil quilômetros de alta velocidade. Todas as cidades chinesas são ligadas por ferrovia (cargas e passageiros) e as províncias mais importantes, do ponto de vista econômico, são servidas por trens de alta velocidade. 

Apesar das conhecidas diferenças entre o desenvolvimento da China e do Brasil, que explicam a enorme competitividade das empresas chinesas, ainda hoje ouço afirmações categóricas dos participantes nos cursos e palestras que apresento sobre a China, de que ela vende muito mais barato porque utiliza “mão de obra escrava” e “graças aos baixos salários”. Sobre esse tema, sugiro aos céticos lerem matéria a respeito da revista Forbes, de 16 de agosto de 2017. Há análises comparativas dos salários na China e na Europa, publicadas pelo Euromonitor em março deste ano, que não deixam margem para dúvidas: a China hoje está muitíssimo distante daquela que iniciou reformas em 1978... 

A verdade, principalmente no caso da China e da Índia, é que se não fizermos urgente a “lição de casa”, ficaremos na poeira. Os dois gigantes asiáticos têm grandes diferenças e muitos problemas (demográficos, étnicos, ambientais, energéticos, produção insuficiente de alimentos, falta de água), mas ainda seguem em ritmo acelerado de desenvolvimento, com a previsão, no caso chinês, de crescer 5,7% anuais em média até 2024 – o que significará, na prática, a sua economia chegar quase 50% maior em 2025. 

Detalhe importante: o Brasil aproxima-se da condição de país idoso, assim como a China, ambos devendo começar a diminuir a população em 2030, enquanto a Índia segue trajetória inversa, de “bônus demográfico”, antes de atingir seu teto populacional de 1,7 bilhão de habitantes, segundo projeções do Fundo das Nações Unidas para População.

Itens

Brasil

China

Índia

Necessidades básicas

104

31

63

Instituições

109

41

39

Infraestrutura

73

46

66

Ambiente macroeconômico

124

17

80

Saúde e educação primária

96

40

91

Melhora da eficiência

60

28

42

Educação universitária e treinamento

79

47

75

Eficiência de bens de mercado

122

46

56

Eficiência do mercado de trabalho

114

38

75

Desenvolvimento mercado financeiro

92

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Sábado, 23 Novembro 2024

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