O open banking é uma vasta ilha a ser explorada

O executivo Celso Mugnela, da Global Web, comparou a chegada do open banking à da internet durante último dia do seminário promovido pelo BRDE
O open banking e o Pix são as duas principais vertentes das atuais mudanças no ambiente financeiro

"É como se fosse o surgimento da internet, há um tempo atrás não víamos que era possível, era uma visão de longo prazo. Hoje, o open banking vai mudar paradigmas novamente". Assim o executivo de desenvolvimento de negócios financeiros da Global Web, Celso Mugnela, resumiu a rede de desafios trazida pelo open banking. Ele palestrou no último dia do seminário O Mercado Financeiro e as Oportunidades com as Fintechs, promovido pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). E tudo parece se encaminhar para que o cenário apontado por Mugnela seja concretizado. Afinal, o open banking e o Pix são as duas principais vertentes das atuais mudanças no ambiente financeiro.

Enquanto o Pix estimula o desenvolvimento de maior segurança, menor custo para pessoas e empresas, maior tráfego nos apps, maior bancarização e maior agilidade, o open banking valoriza novos modelos de negócio, integração e ecossistema, maior segurança e controle de dados, maior customização e melhor experiência na jornada do cliente. E todas essas características já aparecem no mapeamento de futuros desafios de companhias de todas as áreas, sempre com a finalidade de melhor experiência para o usuário, inovação, menor custo e maior eficiência. Para Mugnela, o Pix no Brasil pode se transformar num case de sucesso global devido à grande adesão por parte da população. Nos primeiros três meses de operação, 43% dos usuários haviam utilizado a ferramenta para realizar pagamentos; 37% para realizar transferências; 32% para receber pagamentos e apenas 38% não haviam utilizado. O impacto foi muito importante principalmente para a classe que, até então, não havia sido bancarizada. Afinal, o coronavírus fez com que muitas pessoas adentrassem no mercado financeiro para utilizar contas digitais.

Já o cenário do open banking, para o executivo, pode ser visto como "uma vasta ilha ainda não explorada". Não adianta mais somente disponibilizar dados no open banking: também é preciso pensar em como serão autorizados os dados de score e processos de pagamento e atrasos e como efetuar essa análise. Pagamentos de contas através de lembretes, integração de informações financeiras com declaração de imposto de renda, identificação de evento de vida e planejamento de investimentos e poupança, agregação de contas e pré-preenchimento de formulários são apenas alguns dos benefícios que a tecnologia irá possibilitar, aumentando muito as possibilidades de personalização. Mugnela faz um apelo aos bancos de desenvolvimento, que, segundo ele, possuem missões a serem resolvidas para o melhor aproveitamento da tecnologia. Segundo o Banco Central, quase 10 milhões de brasileiros se bancarizaram na pandemia, mas ainda há 36 milhões de pessoas sem relacionamento com instituições bancárias. Mesmo assim, são 10 milhões de brasileiros que podem ter acesso a crédito e outros produtos financeiros.

O open banking vai estimular a competição e a customização de produtos, o que pode significar mais crédito e menores taxas em um ambiente macroeconômico de aumento da inflação e consequente aumento dos juros. Além disso, com a crise, muitas empresas fecharam, em especial micro, pequenas e médias, o que traz um gap de ofertas com esse reaquecimento da economia. "Assim, o open banking pode ser um pilar econômico para estimular regiões fora do centro financeiro do Brasil", afirma Mugnela. Para ele, algumas possíveis atuações com a tecnologia seria o monitoramento real time no desenvolvimento de microrregiões, a atuação mais assertiva em canais especializados no público target de fomento, parcerias com startups e outras empresas, que terão mais competitividade e transparência, e microcrédito empreendedor direcionado e atrelado aos dados do open banking, com a possível reabertura de negócios fechados na pandemia, por exemplo.

O seminário O Mercado Financeiro e as Oportunidades com as Fintechs integra as atividades relacionados aos 60 anos do BRDE. A série de encontros, que terminou nesta quinta-feira (29), teve a participação de importantes instituições de fomento, bem como cases de empresas privadas com destaque em negócios que romperam com o modelo tradicional no mercado financeiro. Os debates podem ser vistos no canal do BRDE no Youtube.

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Comentários: 1

Nathalia em Quinta, 19 Agosto 2021 18:38

Conteúdo muito interessante, completo e informativo! Caso alguém queira complementar esta leitura, indico um artigo sobre o assunto aqui:https://blog.koin.com.br/open-banking-o-que-e-e-como-pode-mudar-o-mercado-financeiro/

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