Mercosul e União Europeia fecham acordo de livre-comércio

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia (UE) fecharam acordo de livre-comércio nesta sexta-feira (28), informou o governo federal. O tratado envolve os quatro países que fazem parte do Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – e...
Mercosul e União Europeia fecham acordo de livre-comércio

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia (UE) fecharam acordo de livre-comércio nesta sexta-feira (28), informou o governo federal. O tratado envolve os quatro países que fazem parte do Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – e as 28 nações que compõe a UE. O acordo comercial começou a ser negociado em 1999.

O tratado prevê tarifa zero para produtos brasileiros como frutas, café solúvel e suco de laranja. Além disso, as tarifas para a exportação de produtos industriais serão eliminadas. A União Europeia também reconhecerá com o distintivo brasileiro produtos como cachaças, queijos e vinhos. Com o acordo, o governo estima que o PIB brasileiro ganhará um incremento de US$ 87,5 bilhões (R$ 335,9 bilhões, na cotação atual) nos próximos 15 anos. O aumento de investimentos no Brasil, no mesmo período, será da ordem de US$ 113 bilhões (R$ 433,8 bilhões). Com relação ao comércio bilateral, as exportações brasileiras para a UE apresentarão quase US$ 100 bilhões (R$ 383,97 bilhões) de ganhos até 2035.

Uma delegação brasileira embarcou para a rodada final de negociações em Bruxelas. Os ministros Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e Tereza Cristina, da Agricultura, e o secretário do Comércio Exterior do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, participaram das trativas. 

Na quinta-feira (27), no Japão, o porta-voz da presidência, general Otávio Rêgo Barros, havia adiantado que as negociações estavam prestes a terminar. No entanto, o presidente da França, Emannuel Macron, ameaçou antes da reunião da cúpula do G-20, também no Japão, não assinar o acordo caso o presidente Jair Bolsonaro retirasse o Brasil do Acordo de Paris. Contudo, venceu a pressão de Alemanha e Espanha para que o acordo fosse assinado rapidamente.

Em seu perfil no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro classificou o acordo como "histórico". "Prometi que faria comércio com todo o mundo, sem viés ideológico.  Não foi retórica vazia de campanha, típica da velha política. É pra valer!", afirmou. Durante as eleições, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a afirmar que o Mercosul não seria prioridade para o governo. Ao mesmo tempo, Jair Bolsonaro prometia fechar acordos com países desenvolvidos em contraponto à política externa dos governos Lula e Dilma Rousseff.

As tratativas começaram há 20 anos, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2004, contudo, a negociação travou pelo impasse em relação à Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia, que protege o setor agrícola do bloco. Em 2010, a negociação foi retomada, mas seguiu esbarrando nas questões agrícolas. Em 2016, houve outra tentativa de acordo, que também sem êxito. 

*Com reportagem de Italo Bertão Filho


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