Argentina abandona negociações do Mercosul

País informou que adotou esta medida para atender as prioridades da sua política econômica interna, agravada pela pandemia da Covid-19
Nas transações comerciais que envolvem tarifas, todos os países precisam negociar em conjunto e chegar a entendimentos por consenso. A ausência de um, na prática, emperra as negociações de todos

O governo argentino anunciou neste sábado (25) o abandono de negociações do Mercosul para priorizar a economia interna do país. O Paraguai, no exercício da Presidência rotativa do bloco, emitiu a decisão transmitida aos coordenadores de cada país através de uma videoconferência, realizada na sexta-feira (24). Os demais membros do bloco devem avaliar medidas jurídicas, institucionais e operacionais contra a decisão.

Atualmente, o Mercosul tem negociações avançadas com Canadá, Coreia do Sul e Singapura, mas também quer avançar com o Japão e iniciar negociações com os Estados Unidos. Pelas normas do bloco, todos os países precisam aprovar juntos determinada decisão sem que um possa avançar sozinho. Nas transações comerciais que envolvem tarifas, todos os países precisam negociar em conjunto e chegar a entendimentos por consenso. A ausência de um, na prática, emperra as negociações de todos.

"A Argentina informou que adotou esta medida para atender as prioridades da sua política econômica interna, agravada pela pandemia da covid-19, e indicou que não será obstáculo para que os demais Estados Partes prossigam com os diversos processos negociadores", explicou a nota. "A Presidência Pró-Tempore do Paraguai e os demais Estados Partes do Mercosul avaliarão as medidas jurídicas, institucionais e operacionais mais adequadas" para que "a retirada da Argentina das negociações não afete a integração comunitária", afirma o comunicado paraguaio.

Sobre os acordos de livre comércio assinados em 2019 com a União Europeia (EU) e com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, nas siglas em inglês), o comunicado ressalta que a decisão argentina exclui as negociações já concluídas. Porém, o presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou que vai rever os acordos comerciais assinados com a Europa. Os acordos com a UE e com o EFTA (fazem parte do bloco Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) estão em fase de revisão legal para posteriormente serem aprovados pelos parlamentos.

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