Cansado de promessas? Então mãos à obra
Confesso que cansei. Cansei muito. Cansei das mais diversas promessas, cansei dos assuntos inacabados, simplesmente cansei. E qual é a solução? Arregaçar as mangas e fazer alguma coisa. E foi devido a esse cansaço que resolvi empreender na área social de forma gratuita. E simplesmente fazer. Meu grande projeto de vida é trabalhar e fazer ações que beneficiem muitas pessoas. Sempre pensei assim e seguirei pensando.
E assim nasceu a Feijoada da Solidariedade em prol do Hospital de Caridade de Canela, o HCC (foto). O evento é fraternal, participa quem pode, ajuda quem pode, como e com quanto pode. Sem regras, é voluntário, o importante é acontecer. Não podemos mais apenas esperar pelo governo, mas, sim, devemos fazer a nossa parte como cidadãos ativos e participativos para diminuir a desigualdade social.
Ainda somos um dos países com a pior distribuição de renda do planeta. Essa disparidade é um atestado de incompetência dos governos e também da sociedade brasileira. Então, mais uma vez me questiono: “e por que não tentarmos fazer a nossa parte?” Especialistas comprovam que os altos índices de violência estão diretamente ligados aos indicadores sociais. Por que o governo não trabalha para mudar essa situação? Ao que parece, dinheiro não falta, tendo em vista a carga tributária altíssima, que inibe a competitividade do país, e gera desemprego. No entanto, esse dinheiro arrecadado com os impostos simplesmente escoa pelo ralo, seja pela administração deficiente, seja pela corrupção que engole nossos recursos. Já que o governo não consegue promover as melhorias sociais que tanto queremos, então vamos fazer a nossa parte?
Na saúde o problema é crônico. Nem o setor público e nem o privado encontram a solução, e às vezes parece que andam de mãos dadas na contramão. Brás Cubas veio ao Brasil, por volta de 1.540, e fundou a Santa Casa de Misericórdia, em Santos (SP), considerado o primeiro hospital do Brasil. O Brasil, no entanto, começou a existir de fato em 1808, quando por aqui aportou a família real portuguesa. A primeira Constituição brasileira é de 1824 e o Ministério da Saúde foi fundado em 1953.
Nesse longo período de tempo muitos partidos políticos de diferentes ideologias já tentaram resolver a questão da saúde no Brasil, sejam esquerdistas, comunistas, anticomunistas, socialistas, direitistas, conservadores, centristas, ateus ou religiosos. Já revogaram leis, já criaram outras, mudaram critérios e implantaram diferentes programas. Não deu certo. O histórico me faz perguntar: como resolver a questão da saúde? De quanto tempo precisa? Do que precisa?
É um grave erro de percepção achar que o problema da saúde é apenas do governo. Ele é de todos nós. Nossa cultura não permite compreender os complexos fluxogramas aos quais estamos submetidos. E o governo não explica e, se explica, não é eficaz.
Dessa forma, a solução da saúde passa principalmente por um tripé que, a meu ver, é formado por vontade política, dinheiro e gestão. Porém, se faz necessário e urgente entendermos de uma vez por todas que todo o cuidado com a nossa saúde é pouco. Então seria como enxugar gelo se ficarmos apenas falando de doença. O ideal, quando se trata de saúde, é ter plano de saúde no sentido público, não privado, e não plano de doença como os que já existem hoje. Quanto mais iniciativas pessoais acontecerem, que vão ao encontro de ações que beneficiem as associações e as ONGs, mais será possível desenvolvermos uma cultura voltada para a melhoria da saúde pública, mesmo que a longo prazo. Assim poderemos enxergar alguma mudança no horizonte.
Pensando assim, arregacei as mangas e com o apoio de dezenas de pessoas estamos solidários com a causa do HCC. Vamos juntos fazer o possível para salvar o Hospital de Caridade de Canela, administrado por um grupo de voluntários. Se estamos cansados de promessas, então está na hora de fazermos a nossa parte.
*Jornalista e empresária.
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