Vinícola Aurora amplia exportações para Ásia – e não teme a China

Na visão de Rosana Pasini, a produção vinícola do gigante asiático não representa ameaça ao mercado nacional
Apesar das incertezas para o segundo semestre, empresa projeta crescimento em relação ao ano passado

Primeiro continente a ser atingido pela então pandemia do coronavírus, a Ásia começa a dar sinais de retomada da rotina – e também nos negócios. Prova disso é a exportação de 114,3 mil garrafas da Vinícola Aurora para China, Hong Kong e Japão, de janeiro a maio deste ano. O volume representa um aumento de 71,7% em relação ao mesmo período de 2019. Grande parte foi exportado em abril e maio, com a abertura gradual dos mercados asiáticos. Entre os destinos, destaque para a China, com 77,8 mil garrafas.

Rosana Pasini, gerente de exportação e importação da Aurora, credita o bom resultado ao trabalho continuo que vem sendo realizado junto a novos importadores dos países asiáticos. "Ampliamos a parceria com os atuais importadores e abrimos novos mercados com mais sete novos clientes no ano passado e outros três em 2020. É um trabalho de expansão que foi intensificado nos últimos dois anos e agora, com a retomada dos negócios com a Ásia, estamos embarcando esses produtos, em especial vinhos tranquilos e sucos de uva", explica. Rosana aponta, ainda, o aumento de quase 30% no valor médio por litro vendido, destacando a ampliação da venda de suco de uva, tanto na versão da bebida gaseificada, lançada no ano passado, como o integral.

Hoje a China é o país com mais hectares plantados de vinhedos no mundo, e dentro de até três anos, também poderá ser o maior produtor de vinhos. "Os produtores chineses têm uma barreira a enfrentar que é o preconceito do vinho produzido lá pelos próprios chineses. Atualmente a produção é basicamente voltada para vinhos de baixo custo e são vendidos em supermercado por preços muito baixos", conta Rosana ao Cepas & Cifras. "O chinês considera vinho bom aquele importado, fenômeno semelhante ao que acontecia no Brasil no passado. Já existem bons vinhos chineses, inclusive alguns grandes players participam de feiras internacionais, porém o grande volume ainda é o produto de entrada", avalia a executiva.

Rosana afirma ainda que o gigante asiático não representa ameaça ao mercado nacional. "A população chinesa é muito grande e o consumo per capita é muito baixo, portanto, não acredito que a produção deles seja uma ameaça ao nosso negócio nas próximas décadas. Afinal, caso o chinês eleve em meia garrafa por ano seu consumo, faltará vinho no mundo para fornecer para a China", declarou ao Cepas & Cifras.

Apesar das incertezas do mercado para o segundo semestre, Rosana projeta um resultado de crescimento em relação ao ano passado, em razão de novos contratos com importadores de novos destinos e ampliação das vendas para uma grande rede de varejo da Europa. "Fechamos negócios com um importador na Bolívia e com uma das maiores redes de supermercados da Europa, com embarques que começarão ainda neste mês", antecipa. As projeções positivas ocorrem mesmo com adiamento de algumas das principais feiras do setor no mundo, como a ProWein, na Alemanha, remarcada para março de 2021, e outros eventos de vinho que deveriam ocorrer no primeiro semestre.

Rosana explica que o adiamento das feiras pode causar uma diminuição no consumo dos produtos e na dificuldade de ampliar contatos com compradores internacionais."Estas feiras são uma excelente oportunidade para encontrar todos os clientes da empresa, além da abertura de novos mercados. Neste ano, estamos tratando de manter os clientes através de conferências on-line e trabalhando com nossos brand embassadors (embaixadores da marca) nos países de destino", relata.

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Sábado, 23 Novembro 2024

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