Negociações com sindicatos adiam expansão da Havan no Rio Grande do Sul

A escalada do empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan (foto), pelo interior do Rio Grande do Sul vem esbarrando em discussões com sindicatos e prefeituras sobre o horário de funcionamento das novas unidades e agilidade para obter licenç...
Negociações com sindicatos adiam expansão da Havan no Rio Grande do Sul

A escalada do empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan (foto), pelo interior do Rio Grande do Sul vem esbarrando em discussões com sindicatos e prefeituras sobre o horário de funcionamento das novas unidades e agilidade para obter licenças de operação. Entidades ligadas ao comércio pressionam por uma maior celeridade nas negociações, que vem emperrando a entrada da grife catarinense no estado. No começo de 2018, Hang projetou a abertura de 50 a 60 lojas e um investimento de quase R$ 2 bilhões na economia do estado nos próximos quatro anos, mas inaugurou apenas uma loja até o momento. 

Com 7,5 mil metros quadrados, o ponto de Passo Fundo, na região Norte, foi aberto ao público em dezembro. Em tom apoteótico, a inauguração teve a participação de Hang e dos apresentadores de TV Celso Portiolli e Ratinho, todos pilchados. O investimento na nova loja foi de R$ 25 milhões, empregando 160 trabalhadores da região. Ao contrário das demais cidades onde a empresa pretende se instalar, não houve dificuldades na negociação com o sindicato dos trabalhadores do comércio. A loja da Havan funciona entre 9h e 22h inclusive aos domingos e feriados. “Desde 2002, Passo Fundo tem uma modernização da lei que possibilita a abertura nesses dias, então a dúvida em relação aos horários de funcionamento foi solucionada mais facilmente”, recorda Carlos Eduardo Lopes da Silva, secretário municipal do Desenvolvimento Econômico do município, exemplificando que a cidade serviu como uma espécie de case a ser replicado nas demais regiões onde a bandeira pretende operar.

A próxima loja da Havan no estado, em Caxias do Sul, deve ser aberta em março, empregando 200 pessoas. As obras iniciaram no segundo semestre do ano passado e chegaram a ser embargadas pela gerência regional do Ministério do Trabalho por irregularidades durante a demolição dos imóveis do terreno que será ocupado pela Havan, às margens da RS-122. Em outros municípios gaúchos, o horário de funcionamento vem sendo o principal entrave para a instalação da rede. Em vídeo postado recentemente em suas redes sociais, Hang reagiu às dificuldades que a empresa vem enfrentando. “Os sindicatos patronais estão do nosso lado. Não é possível que a gente abra loja em todo o Brasil e vamos ter cidades no Rio Grande do Sul que não querem desenvolvimento e emprego. Não queremos esperar, queremos abrir o mais rápido possível”, bradou o empresário.

No começo de fevereiro, a prefeitura de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, cogitou optar pela via judicial para garantir o investimento da loja na cidade. “Não podemos permitir que o município se desfaça dos importantes investimentos da Havan. Caso isso aconteça, todos pagaremos a conta”, defendeu o prefeito Telmo Kirst em nota. Após o Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região rejeitar uma proposta da Havan para o funcionamento das lojas, Hang chegou a anunciar que a bandeira não se instalaria mais na cidade. 

Hang participou de uma reunião na terça-feira (26) com o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Santa Maria, Rogério Reis, para apresentar a proposta da Havan em relação ao funcionamento nos feriados. Reis afirma que o empresário cria uma situação beligerante, opondo sindicato contra a população. “Falei para ele descer das redes sociais. O Hang acusa os presidentes de sindicato de não querer negociar, mas ele é quem quer impor as condições”, entende o sindicalista. Após o encontro a portas fechadas, foi alinhavada uma proposta de definir exigências diferentes para lojistas que queiram abrir em 4 ou 5 feriados e para aqueles que desejam funcionar em todos os feriados do ano. Entre as exigências, uma possibilidade é definir um valor por feriado para os funcionários de lojas que abrirem em todos os feriados e outra quantia, menor, para trabalhadores de lojas que decidirem abrir em poucos feriados. Reis afirmou que é possível fazer um pré-acordo entre os dois sindicatos até 12 de março. Por lei, a oficialização só pode ocorrer a partir de abril, pois a data-base dos comerciários é 1º de abril. Após o encontro, Hang  também se reuniu com o Sindicato dos Lojistas (Sindilojas). 

“Quero sim montar uma loja nos próximos meses em Santa Maria. Espero que até o dia 12 de março tudo isso esteja resolvido. Ouvi pela parte do Rogério toda a boa vontade, que por parte do sindicato dos comerciários, não há impeditivo para vir a Havan. Fiquei muito feliz com que ele falou. Se não ficar decidido até o dia 12, adeus, eu tenho 5,5 mil cidades para abrir loja no Brasil. Se até dia 12 não decidir, Santa Maria vai ficar para trás, pois viajo todo o Brasil e já vou decidir os lugares em que vou abrir lojas em 2020. Mas estou otimista”, declarou o empresário ao Diário de Santa Maria. 

*Com reportagem de Italo Bertão Filho.

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