Dólar volta a bater recorde em dia tenso

Real é a moeda que mais se desvalorizou no mundo no ano

Em mais um dia tenso no mercado financeiro, o dólar sobe e volta a bater recorde nominal desde a criação do real. Nem a intervenção do Banco Central e as notícias vindas do exterior conseguiram segurar a cotação. Em alta pela 12ª sessão seguida, o dólar alcançou pela primeira vez o patamar de R$ 4,65 nesta quinta-feira (5). A moeda norte-americana subiu 1,5%, cotada a R$ 4,6509, mesmo com leilão extra do Banco Central. Na máxima, chegou a R$ 4,6664.

Na quarta-feira (4), a divisa encerrou a sessão em alta de 1,5%, a R$ 4,5790, após a divulgação dos dados oficiais do PIB, que registrou alta de 1,1% em 2019, confirmando resultado mais fraco em três anos e desaceleração da economia no quarto trimestre. No ano, a alta acumulada já é de 15,9%. Ontem o real tornou-se a moeda que mais se desvalorizou em todo o planeta em 2020. O mercado de ações também tem apresentado pânico. O índice Ibovespa, da B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo), chegou ao final da sessão aos 100.233, uma forte queda de 4,6%.

O Banco Central (BC) voltou a intervir no câmbio. A autoridade monetária leiloou ontem US$ 1 bilhão em novos contratos de swap cambial. O BC também rolou (renovou) R$ 536,7 milhões de contratos de swap que venceriam em abril. Nesta quarta novamente o BC entrou em cena com um novo leilão de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, no valor de US$ 1 bilhão. Quando a moeda norte-americana alcançou novo pico às 15h, o BC anunciou o terceiro leilão do dia.

Além da divulgação de que o PIB cresceu 1,1% no ano passado, o mercado foi influenciado pela queda repentina dos juros pelo Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, que pode interferir nos juros básicos brasileiros, forçando novas reduções da taxa Selic (juros básicos da economia). Na terça-feira (3), o BC emitiu comunicado informando que comparará qual efeito prevalecerá sobre a inflação: a desaceleração da economia global provocada pelo coronavírus e a deterioração dos ativos financeiros (alta do dólar e queda da bolsa).

FMI
O Fundo Monetário Internacional anunciou que está disponibilizando cerca de US$ 50 bilhões para ajudar na resposta de combate ao novo coronavírus. A verba será liberada por meio de linhas de financiamento de emergência de desembolso rápido para países de baixa renda e mercados emergentes que precisem de apoio. Desse valor, US$ 10 bilhões estão disponíveis com juro zero para os países-membros mais pobres, através do Mecanismo de Crédito Rápido da instituição. A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse que todos reconhecem "que a situação com a disseminação do coronavírus é muito grave e pode piorar". Ela destacou que o que se sabe até o momento é que a "doença está se espalhando rapidamente" e que mais de um terço dos estados-membros do FMI já foram afetados diretamente. Segundo ela, a questão não é mais regional. "É um problema global que exige uma resposta global." Ela acrescentou que todos devem ter consciência de que o problema "irá recuar", mas que ainda não é possível saber "com que rapidez isso vai acontecer".

Casos de infecção pelo novo coronavírus (Covid-19) já foram confirmados em 80 países e territórios, além da China continental e do Japão. São 13.752 casos e 258 mortes até o momento. A Coreia do Sul lidera a lista, com 5.766 casos, seguida da Itália, com 3.089, do Irã com 2.922, da França com 285, Alemanha com 262, Espanha com 206, de Cingapura com 112, Hong Kong com 95, do Reino Unido com 81 e dos EUA com 80. A Eslovênia registrou seu primeiro caso ontem. O número de mortos chega a 107 na Itália, 92 no Irã, 35 na Coreia do Sul, nove nos EUA, quatro na França, dois em Hong Kong, Iraque e Espanha, e um nas Filipinas, Taiwan, Tailândia, San Marino e Austrália.

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Sábado, 23 Novembro 2024

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