Bolsas adotam cautela com a quebra do SVB, o banco das startups

A volatilidade e aversão ao risco devem seguir dando a tônica dos mercados nas próximas semanas
Por volta de 12h15 o principal índice da bolsa brasileira tomava o caminho da recuperação ao subir 0,04%, mas meia hora depois já retrocedia quase 0,1%

O anúncio do fechamento do Silicon Valley Bank (SVB), conhecido como o "banco das startups" (leia detalhes aqui), fez com que a maioria das bolsas do mundo operasse no vermelho nesta segunda-feira (13). Por volta das 11 horas o índice Stoxx 600 descia 2,9%, a 440,5 pontos. Enquanto isso, o índice DAX, de Frankfurt, recuava 3,4%, o francês CAC 40 registrava retração de 3,2% e a Bolsa de Londres tinha queda de 2,4%. Nos Estados Unidos as bolsas iniciaram a amenizar as perdas no final da manhã. Perto de 11h40, o Dow Jones avançava quase 0,1%, a 31.930,93 pontos, enquanto o S&P 500 recuava 0,05% e o Nasdaq subia 0,2%. Entre os índices setoriais do S&P 500, o setor bancário apresentava queda de 2,8%.

Já o Ibovespa, no mesmo horário, caía 0,2%, aos 103.353 pontos. As ações de setores de petróleo e de bancos pesam negativamente sobre o índice local. Por volta de 12h15 o principal índice da bolsa brasileira tomava o caminho da recuperação ao subir 0,04%, mas meia hora depois já retrocedia quase 0,1%. "Resta aguardarmos cautelosamente riscos de quebra de outros bancos. No caso de ter sido um ato isolado, não há maiores preocupações. Mas se for o início de uma nova crise de 2008, temos muito com que nos preocuparmos", avalia João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, consultoria focada em pesquisa e análise de ações e derivativos do mercado brasileiro.

"Não vemos uma crise sistêmica nos moldes e profundidade que vimos em 2008, dadas as grandes diferenças que existem hoje e que foram implementadas desde então. Além disso, os reguladores e bancos centrais têm atuado muito mais rapidamente para conter o contágio, como vimos nesses últimos dias, e também em 2020. Dito isso, a volatilidade e aversão ao risco devem seguir dando a tônica dos mercados nas próximas semanas", entendem Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP; Jennie Li, estrategista de ações da XP e Rebecca Nossig, analista de estratégia de ações da XP, em relatório divulgado no começo da tarde.

Para eles, caso a crise nos bancos regionais norte-americanos force o Fed a ter uma postura mais frouxa em relação à taxa de juros, como está sendo precificado no mercado, isso pode abrir espaço para o Copom também possa cortar juros em algum momento no Brasil neste ano. "Um início de ciclo de afrouxamento dos juros no Brasil pode ajudar os ativos brasileiros, como a bolsa, e os títulos pré-fixados. Mas é importante lembrar que o Brasil é um mercado emergente, e tem uma sensibilidade maior que outros mercados em um evento de aversão ao risco global. Dessa forma, não estamos isolados do resto do mundo, e os acontecimentos lá fora seguirão tendo impacto nos preços de ativos por aqui", argumentam.

Linha de emergência
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou que criou uma nova linha de empréstimo de emergência para fortalecer o sistema bancário norte-americano depois do fechamento O Fed afirmou que garantirá que os bancos tenham a capacidade de atender às necessidades de todos os seus depositantes e que está preparado para lidar com quaisquer pressões de liquidez que possam surgir. O chamado Programa de Financiamento a Prazo do Banco (BTFP) ofertará empréstimos de até um ano para os credores que utilizarem como garantia títulos do Tesouro dos Estados Unidos, títulos lastreados em hipotecas, dívidas de agências e outros "ativos qualificados". O Fed destacou que o plano eliminará a necessidade de instituição de vender rapidamente esses títulos em tempos de estresse.

"A medida garantirá que o sistema bancário dos Estados Unidos continue a desempenhar funções vitais de proteção de depósitos e acesso ao crédito para famílias e empresas de forma a promover um crescimento econômico forte e sustentável", afirmaram a secretária do Tesouro, Janet Yellen, o presidente do Fed, Jay Powell, e Martin Gruenberg, da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), em uma nota conjunta. Yellen negou em entrevista a ideia de um resgate da instituição pelo governo. Ela procurou garantir aos clientes americanos do banco que políticas estão sendo discutidas para conter as consequências do colapso repentino da instituição.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou nesta manhã que os americanos podem confirmar no sistema bancário do país, pois é seguro. "Pagadores de impostos não terão perdas e investidores não serão protegidos. Temos de reduzir risco de que colapso de bancos volte a ocorrer", disse. Ele também prometeu uma nova regulamentação para o setor. Os reguladores afirmaram que todos os depositantes do SVB teriam acesso ao seu dinheiro nesta segunda-feira.

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Sábado, 23 Novembro 2024

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