Fiesc: nova alta no gás natural preocupa indústria
A tarifa de gás natural em Santa Catarina tem perspectiva de sofrer novo reajuste em janeiro de aproximadamente 6%, informou o gerente de regulação da Agência Reguladora de Serviços Públicos (Aresc), Silvio César dos Santos Rosa, durante reunião da Câmara de Assuntos de Energia da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), realizada nesta quinta-feira (22), em Florianópolis. “Isso tudo é projeção. Pode mudar com a oscilação do dólar”, ressaltou, lembrando que as informações apresentadas no encontro têm como base o momento atual, mas podem ocorrer alterações em dezembro. O presidente da SCGás, Cósme Polêse, lembrou que o preço do gás é vinculado ao preço do barril de petróleo, a uma cesta de óleos e à flutuação cambial. “Em função disso, essas equações precisam ser compatibilizadas”, destacou. O presidente da Câmara, Otmar Müller (foto), disse que essa nova alta preocupa a indústria. “Sabemos dos fatores que podem levar ao aumento. Há em curso uma melhora do mercado, mas têm setores que ainda estão deprimidos e as empresas estão trabalhando com dificuldades em termos de rentabilidade. Isso é elevação de custos e afeta a competitividade”, alertou.
Em 2020, está previsto o término do contrato da Petrobras com a SCGás para fornecimento do insumo. Isso acende o sinal vermelho para os consumidores, pois a possível renovação do contrato obrigaria a distribuidora catarinense a ingressar na nova política de gás da Petrobras, situação que culminaria em expressiva alta da tarifa. Hoje essa política que puxa o preço para cima não se aplica à SCGás porque o contrato vigente é antigo. “É algo para o qual temos que nos preparar. É uma realidade que pode acontecer, a exemplo do que ocorre em estados do sudeste e nordeste”, ressalta Müller. Por isso, segundo ele, é importante o Congresso Nacional e o governo avançarem na aprovação de um arcabouço legal e regulatório em nível nacional, que traga segurança jurídica e, assim, consiga atrair novos investidores para o mercado de gás natural. “Há uma proposta, denominada Gás para Crescer, que tramita no Congresso, mas está com dificuldades para avançar. A ausência desse arcabouço dificulta a liberalização do mercado de gás no Brasil”, avalia, lembrando que, a partir do próximo ano, há uma expectativa que esse cenário melhore, pois o novo governo é favorável a um marco que incentive o ingresso de outros agentes.
Ainda na reunião, o diretor de desenvolvimento de negócios da empresa norueguesa Golar Power Latam, Edson Real, informou que o Terminal Gás Sul de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL), que será instalado em São Francisco do Sul, tem previsão para ficar pronto no primeiro semestre de 2021. Contudo, ele ressaltou que esse prazo depende do cumprimento do cronograma previsto. “O terminal é basicamente um navio que vai ser atracado a 300 metros da costa e a conexão com a terra será feita por um gasoduto submarino”, explicou, observando que a ideia é que navios cargueiros transfiram o GNL para a embarcação e, depois, vão embora. Segundo ele, um dos motivos da escolha por São Francisco é que o terminal estará conectado ao Gasbol (Gosoduto Bolívia-Brasil), que passa por Garuva, local que tem as melhores condições técnicas para injeção de gás nos dutos. GNL é o gás natural resfriado a -160 graus, e 90% da sua composição é metano. Segundo Edson, o projeto terá um investimento R$ 380 milhões, sem considerar o navio, que opera no modelo de afretamento (uma espécie de aluguel), com capacidade para operar 15 milhões de m³ por dia. Além disso, estima-se um aumento de 50% na disponibilidade de gás natural em Santa Catarina, com possibilidade de levar o insumo aos estados vizinhos. “Vemos uma demanda reprimida grande e o terminal resolve efetivamente isso. O gás natural liquefeito pode ser trazido de vários países”, finalizou.
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