Uma em cada cinco empresas de Santa Catarina planeja investir já durante a pandemia

Pesquisa também revela movimento de recuperação do emprego
“Se em abril se cogitava uma redução do PIB superior a 10%, hoje as estimativas são de uma queda bem inferior”, projetou Aguiar, presidente da Fiesc

"As notícias são melhores que esperávamos", declarou o presidente da Federação da Indústria de Santa Catarina, Mario Cezar de Aguiar, logo na abertura da apresentação das conclusões da quarta edição da pesquisa Impacto do coronavírus nos negócios nesta quarta-feira (29). O levantamento – realizado pelas federações empresariais do Comércio, Serviços e Turismo (Fecomércio-SC), pelo Serviço de Apoio Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae/SC) e pela Fiesc – revelou que uma em cada cinco empresas catarinenses pretende realizar investimentos ainda durante a pandemia.

Nada menos que 18,9% das empresas entrevistadas informam estar em busca de crédito para novos investimentos e projetos. É um percentual significativo, pois contrasta com a estimativa de perda de faturamento que totaliza R$ 36,7 bilhões nos setores pesquisados, o que representa 8,4% do PIB estadual. Essa redução é de R$ 15,3 bilhões no comércio, R$ 12,8 bilhões nos serviços e R$ 8,6 bilhões na indústria. A análise anterior apresentava que até o final de abril a perda de faturamento em todos os setores tinha sido de R$ 19,6 bilhões.

"Os dados sinalizam a volta do otimismo e o fato de um em cada cinco empresários buscar recursos para novos projetos mostra a disposição de investir. Isso é um dos aspectos mais importantes para que a retomada do crescimento seja sustentável", lembrou o presidente da Fiesc. A projeção de Aguiar se baseia em outro indicador relevante: o retorno das atividades econômicas. Com adaptações, 87,5% das companhias já voltaram, embora de maneira desigual entre os portes, visto que o micro e pequeno negócio apresentam maiores dificuldades. O levantamento mostra que 25% das empresas estão com o funcionamento normalizado, 40,5% se readaptaram e 21,8% estão com produção reduzida. No outro lado, 11% estão fechadas temporariamente e 1,5%, definitivamente.

Também caiu o número de empresas que reduziram o quadro e aumentou a quantidade daquelas que geraram mais postos de trabalho. Na primeira edição da pesquisa, três em cada quatro (76,8%) empresas catarinenses mostraram ter reduzido a quantidade de trabalhadores contratados. Na atual medição, esse índice caiu praticamente pela metade e agora são 36,9%.

A pesquisa mostra que há uma queda estimada em 19,9% na produção industrial desde 17 de março, com retração de R$ 8,6 bilhões na produção industrial, sendo R$ 7,7 bilhões nas vendas ao mercado interno e R$ 790 milhões nas exportações. Conforme a análise, a indústria foi a que mais utilizou as prerrogativas da Medida Provisória 936/2020, afetando 40% dos empregos do setor. Segundo os resultados do levantamento, 40% das indústrias suspenderam contratos de trabalho no período. Já a redução de jornada e de salário foi adotada por 42% das empresas do setor, ou seja, 24,3% dos trabalhadores. "Se em abril se cogitava uma redução do PIB superior a 10%, hoje as estimativas são de uma queda bem inferior", projetou Aguiar.

O presidente da Fiesc elogiou o fato do governo federal estar estudando a prorrogação do auxilio emergencial de R$ 600. "Isso será possível, mas não se pode estender por muito tempo. Ajuda no sentido de recuperar a economia para que se façam mais contratações, porém será mais decisiva a retomada econômica", opinou. Aguiar também rechaçou a possibilidade de um possível lockdown em Santa Catarina, algo que poderia voltar a prejudicar a indústria e o comércio justamente em um período de recuperação. "O mais importante é identificar os contaminados e isolá-los. É uma solução mais inteligente do que o isolamento, que se mostrou ineficiente. Há que se ter equilíbrio entre a saúde das pessoas e a necessidade do retorno da economia", avaliou.

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