Startup catarinense usa nanopartículas para detectar bactéria
Um teste para detectar a bactéria salmonella em alimentos leva cerca de uma semana para ficar pronto. Já o Revella Test, desenvolvido por uma empresa catarinense, apresenta o resultado entre duas e 12 horas. A tecnologia inovadora usa nanopartículas de ouro na sua composição e recebeu patente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A startup TNS Nano tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).
Salmonella é uma bactéria que causa intoxicação alimentar e, em casos raros, pode provocar graves infecções e até mesmo a morte. Pode ser encontrada nos animais e em farelos, como o de soja. Para evitar a contaminação, há uma série de medidas necessárias, como a sua detecção por meio de testes. O Revella Test é um deles, que usa uma tecnologia inovadora. Um farelo, como o de soja, ou uma proteína animal é colocado em uma solução de cor rosa. Apesar dessa coloração, ela é formada por nanopartículas de ouro. Se o material ou produto testado não conter salmonela, a cor de detecção permanece a mesma.
Se tiver a presença da bactéria, ela se liga nas nanopartículas promovendo a mudança de cor (perceptível a olho nu). "Quando a salmonella se liga ao kit, o complexo químico tende a se aglomerar e decantar. Este fenômeno altera a cor do kit de rosa para o azul", explica Gabriel de Freitas Nunes, diretor-geral da TNS Nano. De acordo com ele, o Revella Test consegue detectar a salmonela em proteína animal (como o frango), em granjas (através de amostras ambientais) e em farelos (como o de soja, trigo e milho). Entretanto, tem potencial para ser utilizado em outras bactérias de interesse para a indústria. No momento, a startup já tem tratativas com uma empresa global de análises de carregamentos de farelos para exportação.
"Os carregamentos não podem ter contaminação. Caso chegue um carregamento de farelo contaminado na Europa, por exemplo, ele precisará ser retratado com químicos para resolver a contaminação. Se não for resolvido, ele sofre embargo ou é vendido para outro local com pré-requisito menor, podendo também retornar ao Brasil ou até ser descartado", explica Nunes.
Como o kit de detecção leva até 12 horas, o controle consegue ser feito durante o carregamento. "Do contrário, o resultado sairia sete dias após o carregamento, com o navio no meio do Oceano (como é feito atualmente)", justifica Nunes. "A intenção é penetrar ainda mais no mercado com parcerias estratégicas, seja via farelos, seja via proteína animal (onde o Brasil e o mundo precisam de atenção). O nosso plano é colocar o Revella Test como um produto de fácil acesso ao mercado de grande volume e responsabilidade. Com isso, traremos mais segurança para a cadeia de proteínas (animal ou vegetal) de forma a vermos em breve a cadeia de produção e distribuição livre de salmonella", justifica.
A startup tem apoio da Fapesc e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) por meio do Tecnova II SC. Ao todo, o programa destinou mais de R$ 7,5 milhões para contemplar 28 empresas em todo o território catarinense. "Com o Tecnova melhoramos a robustez do produto. Nós tínhamos uma invenção brilhante, mas para se tornar inovação ela precisava ser aceita pelo mercado, ter um valor para a sociedade", diz Nunes.
A empresa, que hoje conta com 40 funcionários, cresceu em média 145% nos últimos três anos. E também exporta para 15 países, com produtos para o B2B industrial e agronegócio. Criada em 2009, participou do Sinapse da Inovação, um programa de incentivo ao empreendedorismo inovador idealizado pela Fundação Certi e desenvolvido pela Fapesc. Nunes também conquistou o segundo lugar no prêmio Stemmer 2014, na categoria Protagonista da Inovação.
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