Curitibana Papoom conquista mercado com aplicativo de delivery em comunidades
Uma das dificuldades mais comuns para quem vive em favelas das grandes cidades é encontrar aplicativos e serviços de delivery que façam entrega de comida nas comunidades. Morador da Vila Torres desde que nasceu, Jean Pierre Pego da Silva, de 32 anos, teve a ideia de criar a startup Papoom justamente para resolver esse problema.
Ganhadora da última edição da disputa de startups Rocket, no mês passado, a Papoom está hoje no Worktiba Cine Passeio da prefeitura de Curitiba e criou um marketplace que permite aos moradores comprar produtos e serviços de pessoas e empresas da própria comunidade ou bairros da periferia, gerando uma cadeia de inclusão e fomentadora de negócios. A solução deu tão certo que a startup, lançada oficialmente em fevereiro dentro do ecossistema do Vale do Pinhão, já recebeu R$ 500 mil de um investidor anjo e prepara uma nova rodada de captação, de R$ 1,5 milhão. A Papoom emprega atualmente 11 pessoas.
Tudo começou em um domingo de 2019, lembra Jean Pierre. "Saí para almoçar e encontrei tudo fechado nas proximidades. Nenhum aplicativo tradicional faz entrega de restaurantes na Vila Torres. Voltei para casa e comecei a sentir o cheiro bom da comida que a minha vizinha, dona Roseli, preparava. Daí veio a ideia. Por que não criar uma solução tecnológica que permitisse a conexão entre consumidor e vendedor aqui mesmo na comunidade?", lembra.
A ideia ganhou fôlego durante um curso de design thinking no Vale do Pinhão. "Convidamos o palestrante Guilherme Pinheiro para ser nosso mentor e daí o projeto deslanchou", conta. Desde fevereiro, são 1,5 mil downloads do aplicativo, 100 vendedores cadastrados e 1,1 mil pedidos realizados por meio da Papoom na Vila Torres. São pedidos dos mais diversos segmentos, englobados nos grupos alimentação, produtos, serviços e imóveis.
Formado em relações internacionais e com experiência de trabalho em organizações do terceiro setor, Jean Pierre conta que sempre se interessou por soluções que melhorassem e facilitassem a vida na Vila Torres. "Meus avós fundaram a primeira Associação de Moradores da Vila Torres, na década de 70. Então, esse engajamento vem de família", brinca. O próximo passo é ampliar ainda mais o mercado na Vila Torres, onde moram 8 mil pessoas, e partir para investidas em outras comunidades em Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. "O nosso aplicativo é facilmente replicável para outras comunidades. Estamos falando de um mercado potencial enorme. São 14 mil favelas no país e cerca de 17 milhões de pessoas moram em comunidades", ressalta.
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