Produção industrial cai 0,3% em janeiro

O setor ainda se encontra 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia
Produtos farmoquímicos e farmacêuticos influenciam indústria em janeiro

A produção industrial caiu 0,3% na passagem de dezembro para janeiro, após registrar variação nula (0,0%) no mês anterior. Com esses resultados, o setor ainda se encontra 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Na comparação com janeiro de 2022, houve variação de 0,3%. Em 12 meses, a indústria acumula recuo de 0,2%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada) pelo IBGE. Esta é a primeira divulgação da nova série da pesquisa, que passou por atualizações na seleção da amostra de empresas, ajustes nos pesos dos produtos e das atividades, além de alterações metodológicas, para retratar mudanças econômicas da sociedade. São atualizações já previstas e implementadas periodicamente pelo IBGE.

O resultado negativo de janeiro vem após uma variação nula (0,0%) em dezembro de 2022, quando interrompeu dois meses consecutivos de crescimento, período em que acumulou expansão de 1,5%. "Embora a produção industrial tenha mostrado alguma melhora de comportamento no fim do ano, uma vez que marcou saldo positivo nos últimos meses de 2022, inicia o ano de 2023 com perda na produção, e permanece longe de recuperar as perdas do passado recente", explica o gerente da pesquisa, André Macedo. Ele explica que em janeiro de 2021 a indústria chegou a superar o patamar pré-pandemia, ficando 4% acima. Porém, questões tanto na demanda doméstica quanto na oferta afetaram o ritmo da produção.

"Além dos fatores que impactam na renda disponível das famílias – inflação alta de alimentos, elevada taxa de juros impactando na concessão de crédito e endividamento, trabalhadores na informalidade ou fora do mercado de trabalho –, a indústria também foi afetada por restrições de oferta, dificuldades de obtenção de matérias-primas, componentes eletrônicos e insumos para a produção dos bens finais", analisa. Na passagem de dezembro para janeiro, três das quatro grandes categorias econômicas e 11 dos 25 ramos pesquisados mostraram recuo na produção. Entre as atividades, as influências negativas mais importantes foram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-13%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6%), produtos alimentícios (-2,1%).

Em produtos farmoquímicos, o pesquisador destaca que a volatilidade é uma característica do setor. "Além de ser uma atividade que mostra oscilações acentuadas de um mês para o outro, há também uma base de comparação elevada, pois o setor vem de uma sequência de três meses no campo positivo, com um ganho acumulado de 27,1%", declara. Já o segmento de automóveis intensifica a queda de 3,7% registrada em dezembro de 2022. Segundo Macedo, o setor foi influenciado pela redução na produção de caminhões a partir de janeiro de 2023, devido ao processo de transição para uma nova tecnologia que reduz a emissão de gases poluentes. "Além desse fator pontual, que explica também a queda na produção de bens de capital, observou-se ainda redução na produção de automóveis, que afeta também a produção de bens de consumo duráveis. Essa redução na produção de automóveis tem a lógica de um mercado doméstico que não mostra reação", contextualiza.

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