Ipea revisa para cima projeção do PIB do agronegócio

Crescimento da produção do setor pode ficar em 1,9%
A produção de suínos tem recebido reforço das exportações para a China

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou a projeção da taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) do setor agropecuário de 1,6% para 1,9% em 2020. A revisão foi feita com base nas novas estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para a produção agrícola. Além disso, um estudo do Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea levou em consideração projeções próprias para a pecuária.

A estimativa de maior crescimento é resultado da melhora nas previsões do IBGE, em termos de valor adicionado, para componentes importantes da lavoura e de números mais positivos também para a pecuária, principalmente os que aparecem em revisões de dados de produção observados nos últimos meses. Para o valor adicionado da lavoura, o estudo prevê crescimento de 3,9% e, para o da pecuária, queda de 1,5%. Há projeção também de recuo de 6,4% para o componente "outros", que tem relação com a indústria extrativa, que este ano sofreu forte impacto da pandemia, embora já esteja se recuperando.

O economista e pesquisador do Ipea Fábio Servo, um dos autores do estudo, disse que, apesar dessa estimativa, o percentual da pecuária já representa uma recuperação, porque a Carta de Economia Agrícola do Ipea estimava em agosto uma queda maior (-2,8%). "A queda de 1,5% [na pecuária] é basicamente puxada por bovinos, que é o que pesa mais. A parte dos demais produtos é menor. O maior peso [nos resultados] é da lavoura, depois, vem a pecuária", explica.

Servo destacou que, no início do ano, o volume de abate de bovinos era menor, para que o produtor pudesse recompor o rebanho, que tinha sido reduzido pelo aumento do consumo de 2019. A produção de suínos tem recebido reforço das exportações para a China. "Suíno está crescendo fortemente. A participação da exportação de suínos na produção nacional era importante, e agora, mais importante que nunca. Não só porque está havendo substituição de proteínas para as mais industrializadas, que passam por processos sanitários. Nunca exportamos tanta carne suína para a China como agora", afirmou.

Para o economista, não será surpresa se, quando os números de 2020 forem fechados, a queda for ainda menor. "Está havendo uma melhora do cenário mais positivo. Nossa expectativa é de que haverá uma revisão para cima do PIB do agronegócio do primeiro e do segundo trimestres [pelo IBGE]", acrescentou Servo, ao lembrar que a demanda por alimentos – tanto a doméstica quanto a externa – continua alta.

Fatores positivos
Para ele, dois fatores trabalharam a favor do setor agropecuário este ano, a despeito da crise provocada pela pandemia de Covid-19. O primeiro é o fato de um setor que produz alimento e que, mesmo na crise, até por questões de saúde, as pessoas demandam, e paralelamente houve aumento expressivo de exportações de proteína animal bovina e suína para a China. A expectativa é o bom resultado no final de 2020 com alta de 7,8% na produção dessa carne.

"Como a pandemia na China antecedeu a das Américas, quando a gente entrou nos tempos da pandemia, eles já estavam saindo e tinham necessidade de recomposição de estoques de alimentos e até [formar] estoques prudenciais, pensando em uma perspectiva de segurança alimentar. Ainda assim, a produção de bovinos no segundo trimestre teve um mau desempenho. Então, ficamos na expectativa de melhora, na medida em que houvesse uma normalização com o fim do lockdown e a continuidade das exportações dessas carnes", analisa.

Com Agência Brasil

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