Inflação oficial fica em 0,21% em janeiro

Taxa é inferior ao 1,15% de dezembro, revela IBGE

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, ficou em 0,21% em janeiro deste ano. Essa é a menor taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. A taxa é inferior ao 1,15% de dezembro e ao 0,32% de janeiro de 2019. O IPCA acumula taxas de 4,19% em 12 meses, abaixo dos 4,31% registrados nos 12 meses anteriores. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Após a queda de 0,82% no mês de dezembro, o grupo Habitação subiu 0,55%, puxado pelos preços de condomínio (1,39%) e aluguel residencial (0,61%). A energia elétrica, por sua vez, registrou leve alta (0,16%), com as áreas variando entre a queda de 4,77% em Rio Branco – onde houve redução de 4,67% nas tarifas, a partir do dia 13 de dezembro - até a alta de 3,41% em Goiânia. Em janeiro, foi mantida a bandeira tarifária amarela, que acrescenta na conta de luz R$ 1,343 a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

Ainda em Habitação, o resultado do item taxa de água e esgoto (0,30%) decorre dos reajustes de 18,00% em Belém (8,88%, vigente desde 14 de dezembro), e de 6,43% em Campo Grande (5,23%, válido desde 3 de janeiro). Já a variação do item gás encanado (0,64%) é consequência do reajuste de 2,45% observado no Rio de Janeiro (2,14%), em vigor desde 1º de janeiro. No que diz respeito ao gás de botijão (0,87%), vale ressaltar que a Petrobras anunciou um reajuste de 5,00% no preço do botijão de 13 kg, nas refinarias, a partir do dia 27 de dezembro de 2019.

A desaceleração no grupo Alimentação e bebidas (de 3,38% em dezembro para 0,39% em janeiro) deveu-se, principalmente, ao comportamento dos preços das carnes. Após a alta de 18,06% em dezembro, as carnes recuaram 4,03% em janeiro, contribuindo com o impacto negativo mais intenso sobre o índice do mês (-0,11 p.p.). Com isso, o grupamento da alimentação no domicílio registrou alta de 0,20%, frente aos 4,69% do IPCA de dezembro. No lado das altas, o destaque ficou com o tomate (13,72%) – cujos preços já haviam subido 21,69% no mês anterior - e com a batata-inglesa (11,02%). A alimentação fora do domicílio (0,82%) também desacelerou em relação ao mês anterior (1,04%). A refeição passou de 1,31% em dezembro para 1,05% em janeiro, e o lanche, de 0,94% para 0,42%, no mesmo período.

No grupo dos Transportes (0,32%), o maior impacto positivo (0,05 p.p.) veio da gasolina (0,89%), embora esta variação tenha sido inferior à de dezembro (3,36%). O etanol (2,59%) também desacelerou em relação ao mês anterior (5,5%), contribuindo para que o IPCA dos combustíveis tenha ficado em 1,08%, abaixo dos 3,57% registrados em dezembro. Já o impacto negativo mais intenso (-0,05 p.p.) veio das passagens aéreas (-6,75%), que haviam subido 15,62% em dezembro.

Novos hábitos de consumo

O IPCA de hoje é o primeiro calculado com base na nova estrutura de ponderação que resultou das alterações de hábitos dos consumidores apontadas na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/2018 e provocou a retirada de alguns itens e a incorporação de outros. A última alteração, feita na POF de 2008/2009, incluía mais seis subitens que foram retirados na atual. Entre os 56 novos subitens componentes da cesta e que entraram no cálculo está o transporte por aplicativo, a integração transporte público, serviços de streaming e o pacote de telefonia, internet e TV por assinatura. Para entrar na lista são avaliadas as respostas dos consumidores ao responder a pesquisa e se o artigo ou serviço tiver mais de 0,07% das despesas das famílias é incluído na lista de ponderação.

"A metodologia [da POF] em si não mudou, a área de abrangência da pesquisa não mudou. É só uma nova estrutura de ponderação. Uma nova cesta de bens e serviços com novos componentes", informou o gerente do IPCA do IBGE, Pedro Kislanov. Para o gerente, é importante ter o índice de inflação refletindo, efetivamente, os hábitos de consumo atuais das famílias. "A nossa cesta, anteriormente, era baseada na Pesquisa de Orçamento Familiar de 2008/2009 e ainda trazia alguns componentes que se tornaram obsoletos com o passar do tempo, como a compra de CDs e DVDs e a locação de DVD que saíram da cesta e deram lugar a produtos e serviços mais ligados à tecnologia como os serviços de transporte por aplicativos, de streaming", declarou. 

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