Cresce preocupação dos empresários com os juros altos

Selic passou a ser um problema desde que iniciou sua trajetória de crescimento
Dos 24 setores da indústria de transformação avaliados, 13 afirmam que o problema de taxas de juros elevadas está entre os cinco principais desafios

A preocupação dos empresários com as taxas de juros elevadas cresce há seis trimestres e, entre julho e setembro, tirou o sono de praticamente um quarto dos industriais. Desde o início de 2017, não se via nada parecido. De acordo com a Nota Econômica 25, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre os principais problemas observados pelo setor industrial, os juros receberam 24,2% das menções. Para se ter uma ideia, as altas taxas ocupavam 13ª no ranking de principais problemas enfrentados pela indústria de transformação, no primeiro semestre de 2021. Atualmente, subiu para o quarto lugar.

A falta ou alto custo da matéria-prima segue em primeira posição com 39,4% das respostas. Mas esse fator tem perdido força. Em segundo e terceiro lugar estão: elevada carga tributária (34,2%) e demanda insuficiente (24,3%). Esses dois fatores aparecem com tendência de alta. Apesar disso, suas assinalações ainda podem ser consideradas baixas na comparação histórica.

O gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo, explica que os juros passaram a ser vistos como um problema pelo industrial desde que a Selic, taxa básica de juros, iniciou sua trajetória de crescimento. A Selic saiu de 2% ao ano, seu menor patamar histórico, para 13,25% ao ano, entre março de 2021 e junho deste ano. "A Selic permanece nesse patamar, mas os efeitos da mudança significativa do seu nível têm sido gradualmente mais percebidos pelos empresários, tornando-se um problema cada vez mais relevante para muitos setores da indústria de transformação", explica.

Dos 24 setores da indústria de transformação avaliados, 13 afirmam que o problema de taxas de juros elevadas está entre os cinco principais desafios. No setor de biocombustíveis, mais da metade das empresas considera esse o principal problema. No setor de produtos de material plástico, os juros também aparecem em primeiro lugar, tirando o sossego de 36,8% dos industriais entrevistados. "Considerando a evolução da série histórica para esse problema e a percepção dos industriais, as taxas de juros elevadas devem continuar no topo do ranking para a maioria dos setores, visto que a Selic deve permanecer em nível elevado", prevê Azevedo.

A falta ou o alto custo de trabalhador qualificado vem ganhando relevância dentre os principais problemas enfrentados pela indústria de transformação. Desde o terceiro trimestre de 2020, os percentuais de assinalação para esse item ficaram acima dos 10%, chegando ao maior resultado registrado da série histórica no terceiro trimestre de 2022, com 16,5% de apontamentos pelos empresários. Dos 24 setores avaliados, 15 apresentaram altas nos percentuais entre o segundo e o terceiro trimestre do ano. As maiores variações percentuais foram para Móveis e Metalurgia, ambos com 14 pontos percentuais de aumento.

O economista da CNI explica que essa questão afeta a produtividade e a competitividade da indústria brasileira. "Para lidar com esse problema de falta ou alto custo de trabalhador qualificado, a maioria das empresas promove a capacitação de seus trabalhadores, mas encontra obstáculos na baixa qualidade da educação básica e na falta de interesse dos trabalhadores em se qualificar", conta. Diante desse desafio, a CNI avalia que, no curto prazo, é necessário um esforço de qualificação e de requalificação da força de trabalho. Já no longo prazo, é preciso intensificar os esforços para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil, priorizando a educação profissional.

Veja mais notícias sobre EconomiaBrasilIndústria.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Domingo, 24 Novembro 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br./