Uma tragédia contemporânea

Eu às vezes me pego pensando em como é a vida das pessoas que ficam ligadas na internet, na televisão e nas redes sociais 80% do tempo que passam acordadas.

Dada a quantidade absurda de lixo que terminam consumindo, como liberar espaço mental para o lado mais nobre da vida? Nesse ponto, quem não trabalha mais, quem não deve mais satisfações a alguém ou a uma equipe, deve sair muito prejudicada. Rede social é como o jogo. Sob pretexto de se distrair, de debelar o tédio dos dias, acessa-se a página para dar uma espiada. Quando menos espera, ficou fisgada por horas.

De tudo, o mais aterrador talvez seja atualizar-se por aqui. Ou seja, tomar conhecimento das coisas que estão acontecendo no bairro, na cidade, no país e no mundo pelo viés atabalhoado e parcial de posts. Com bloqueios e filtros, todo mundo lê mais do mesmo. Então começa o vale tudo para defender dogmas. Divido em duas categorias quem abre redes sociais diariamente. Aqueles que frequentam o bar para dar uma olhadinha no ambiente. E aqueles que mantêm o bar, tornando-o um ponto de encontro frequentável e concorrido. De certa forma, eu me enquadro na segunda categoria.

O que isso significa em termos de horas? Tudo somado, talvez uma hora por dia. Estou desde ontem com uma fascite plantar que já está indo embora. Foi vendo a tela do computador um pouco mais do que de hábito que me ocorreu o quanto se sacrifica de caminhadas, de livros e de bom convívio. É como novela: se você passar semanas sem assistir, nada perdeu. É enganoso ignorar a fronteira entre os deveres e o recreio. Recreio tem de ser só uma brechinha. Se deixa de ser, há algo errado.

Agora me diga: quantos minutos você passa por dia navegando em redes sociais? Tenho genuína curiosidade de saber.