Possível crise institucional faz bolsa fechar no vermelho
O Ibovespa fechou em queda de 1,3% nesta quinta-feira (16) sendo pressionado pelos investidores preocupados com os desdobramentos da crise do coronavírus no Brasil. O dia foi marcado pela demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, após duas semanas de notícias sobre essa possibilidade. Os agentes de mercado anteciparam a preocupação com um possível embate institucional entre o Palácio do Planalto, Congresso e Supremo.Esse ambiente político tem contaminado os negócios.
Ao apresentar Nelson Teich, novo titular da pasta da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro cobrou governadores e prefeitos por iniciativas – especialmente o isolamento social – que estão trazendo prejuízos para a economia brasileira. Ele também pediu que os outros Poderes refletissem sobre suas decisões. "O governo não é uma fonte de socorro eterno. O preço vai ser alto. Se exageraram, não coloquem na conta do sofrido povo brasileiro. O remédio para curar não pode ser mais duro que a própria doença", declarou. Até hoje, o governo brasileiro já injetou R$ 600 bilhões para conter as consequências do coronavírus e esse valor poderá chegar a R$ 1 trilhão, segundo o presidente. Bolsonaro também afirmou que será preciso que as pessoas – especialmente os trabalhadores informais – precisarão voltar a ter renda de uma forma mais rápida.
"O que eu conversei com o doutor Nelson é que gradativamente nós temos de abrir o emprego no Brasil. Essa grande massa de humildes não tem como ficar presa dentro de casa, e o que é pior, quando voltar, não ter emprego. E o governo não tem como manter esse auxílio emergencial e outras ações por muito tempo", afirmou. Em seu pronunciamento, Teich afirmou que economia e saúde são complementares e não excludentes. O novo ministro sublinhou a importância de que as informações sobre a doença "Por isso será preciso um detalhamento fundamental de como a doença se comporta e projetos de pesquisa precisam ser feitos em um espaço de tempo mais curto", afirmou. Teich anunciou que o Brasil precisará fazer um programa de amostragem de testes intenso envolvendo o Sistema Único de Saúde (SUS) e empresários.
Teich disse que não haverá uma definição "brusca ou radical" sobre a questão das diretrizes para o isolamento social, mas enfatizou que a pasta deve tomar decisões com base em informações mais detalhadas sobre o avanço da pandemia no país. Nesse contexto, ele defendeu um amplo programa de testagem para a Covid-19 e ressaltou que está completamente alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, na perspectiva de retomar a normalidade do país o mais breve possível. "Existe um alinhamento completo aqui, entre mim e o presidente, e todo o grupo do ministério, e que realmente o que a gente está aqui fazendo é trabalhar para que a sociedade retome cada vez mais rápido uma vida normal", afirmou.
Perfil
O novo ministro da Saúde é médico oncologista e empresário do setor. É natural do Rio de Janeiro, formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), com especialização em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca). Também é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos. Teich chegou a atual como consultor informal na campanha eleitoral de Bolsonaro, em 2018, e foi assessor no próprio Ministério da Saúde, entre setembro do ano passado e janeiro deste ano.
Mandetta
Em sua conta oficial no Twitter, Mandetta anunciou sua demissão por Bolsonaro. Na publicação, Mandetta agradeceu pelo tempo à frente da pasta. "Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar", escreveu. Ele também agradeceu os gestores que compunham a direção do ministério. Em um pronunciamento na sede do Ministério da Saúde, pediu que os servidores públicos da pasta recebam muito bem o próximo titular. Médico, Mandetta foi secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul e deputado federal pelo DEM. Ocupava o cargo de ministro da Saúde desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019.
Com Agência Brasil
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