Pandemia dificulta acesso de 28,6 milhões de pessoas ao mercado de trabalho em maio
Cerca de 17,7 milhões de pessoas não conseguiram procurar emprego na última semana de maio por causa da pandemia de Covid-19 ou por falta de oportunidade na região em que vivem. Nesse mesmo período, outros 10,9 milhões estavam desempregados e buscaram uma ocupação, mas não encontraram. Com isso, o país alcançou a marca de 28,6 milhões de pessoas que queriam um emprego, mas enfrentaram dificuldades para se inserir no mercado de trabalho, seja por falta de vagas ou receio de contrair o novo coronavírus.
Os dados são os primeiros resultados da PNAD Covid-19, divulgada nesta terça-feira (16) pelo IBGE. O levantamento é uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada com apoio do Ministério da Saúde, para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal. Em maio, o IBGE estima que 84,4 milhões de pessoas estavam ocupadas no país, embora 169,9 milhões estivessem em idade para trabalhar. Isso significa que menos da metade (49,7%) estava trabalhando no mês passado.
A pesquisa mostra também que o país somava 29,1 milhões de trabalhadores na informalidade, que são os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregados que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente. Esse contingente, porém, caiu ao longo do mês. Na primeira semana de maio, a taxa de informalidade foi de 35,7%. Já na quarta, ela havia recuado para 34,5%, com a redução de 870 mil postos de trabalho informais em relação ao início do mês.
"A informalidade funciona como um colchão amortecedor para as pessoas que vão para a desocupação ou para a subutilização. O trabalho informal seria uma forma de resgate do emprego, portanto não podemos dizer que essa queda é positiva", afirma o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, complementando que é necessário aguardar os próximos resultados para avaliar com mais precisão o impacto da pandemia nesse grupo. Entre as 74,6 milhões de pessoas que estavam fora da força de trabalho (que não estava trabalhando nem procurava por trabalho) na última semana de março, 23,7% gostariam de trabalhar, mas não buscaram trabalho devido à pandemia ou por falta de oportunidade no local onde vivem.
Já entre as 84,4 milhões de pessoas ocupadas, na última semana do mês, 14,6 milhões estavam temporariamente afastadas do trabalho devido ao isolamento social, o que representava 17,2% do total de empregados. Da primeira para a quarta semana de maio, o número de trabalhadores afastados caiu em aproximadamente 2 milhões. Ainda entre os ocupados, a PNAD Covid-19 mostra que 8,8 milhões trabalharam de forma remota na última semana de maio. Isso representa 13,2% da população ocupada e não afastada do trabalho em virtude da pandemia. Na primeira semana, esse número era de 8,6 milhões de trabalhadores em regime de home office ou teletrabalho.
PNAD Covid-19
As entrevistas começaram no dia 4 maio, e estão sendo feitas, exclusivamente, por telefone, devido ao distanciamento social. Pouco mais de dois mil agentes do Instituto estão ligando para 193,6 mil domicílios distribuídos em 3.364 municípios de todos os estados do país. Para definir a amostra da nova pesquisa, o IBGE utilizou a base de 211 mil domicílios que participaram da PNAD Contínua no primeiro trimestre de 2019 e selecionou aqueles com número de telefone cadastrado. Em maio, foram realizadas mais de 48 mil entrevistas por semana. As entrevistas duram em torno de 10 minutos e os moradores que receberem o telefonema podem confirmar a identidade dos agentes de coleta por meio do site Respondendo ao IBGE ou do telefone 0800 721 8181, e informar matrícula, RG ou CPF do entrevistador.
Os dados divulgados hoje correspondem às quatro semanas de maio. A partir da próxima divulgação, os indicadores agregados serão divulgados toda a semana. Na última semana do mês, com os dados mensais consolidados, o IBGE vai apresentar dados por grandes regiões e unidades da federação, idade e sexo, entre outros indicadores mais detalhados de afastamento do trabalho e trabalho remoto. A coleta está prevista para acontecer até um mês após o fim das medidas de distanciamento social.
Veja mais notícias sobre BrasilEconomiaCoronavírus.
Comentários: