Infraestrutura responde em 2021 por 10% de todas as operações de M&A no país

As transações como um todo cresceram 65% no ano passado em relação ao ano anterior e devem continuar em alta em 2022
“No ano passado, dos dez segmentos que mais realizaram transações, três eram da área de infraestrutura”, explica João Caetano

O mercado de Fusões & Aquisições (M&A) no Brasil cresceu 65,2% em 2021, em relação a 2020, com 1.901 transações realizadas, segundo levantamento divulgado pelo portal Fusões & Aquisições. De acordo com os dados, um setor que representou uma grande parcela dessas operações e que promete crescer mais em 2022 foi o de infraestrutura. Foram mais de 160 transações de M&A ao longo do ano passado, com 63 operações envolvendo companhias energéticas, 51 do segmento de transportes, 33 de meio ambiente e 16 de empresas portuárias e aeroportuárias.

"A expectativa para 2022 é de que as operações envolvendo o setor de infraestrutura continuem em ascensão, principalmente por causa das concessões e privatizações de rodovias, portos e aeroportos, o que deve movimentar o mercado", explica João Caetano Magalhães, diretor da Redirection International, empresa especializada em M&A de empresas de médio porte.

O especialista destaca que um dos pontos que chamam a atenção nas transações de M&A em infraestrutura é o valor monetário envolvido nessas operações. Segundo o portal Fusões & Aquisições, das dez maiores transações realizadas em 2021 no Brasil, três foram do setor mais amplo de infraestrutura como saneamento, meio ambiente e energia. "Além dos valores envolvidos nessas transações, o setor de infraestrutura está entre os mais ativos em M&A no Brasil. No ano passado, dos dez segmentos que mais realizaram transações, três eram da área de infraestrutura", explica João Caetano.

Investimentos em infraestrutura
Segundo relatório Infra-2038, divulgado em julho do ano passado, há uma queda gradual dos investimentos públicos em infraestrutura nos últimos anos no Brasil, o que foi evidenciado pela pandemia de Covid-19. Em 2020, o volume de investimentos foi de R$ 115,8 bilhões, o equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o menor patamar dos últimos 20 anos. Esses dados são mais um indicativo positivo de oportunidade neste segmento, conforme explica o especialista.

"Historicamente existe um gap de investimentos nesta área, com a redução gradativa do montante de investimentos públicos, o que abre oportunidades para investidores nacionais e internacionais suprirem esses gargalos existentes no país", avalia Magalhães. As oportunidades no setor envolvem licitações, alianças estratégicas e operações de M&A propriamente dito.

O cenário é bastante favorável, uma vez que tanto o governo federal quanto os estaduais e municipais já anunciaram a disponibilização de ativos no mercado para 2022. "Somente o governo federal tem a expectativa de atrair cerca de R$ 165 bilhões neste ano em concessões de rodovias, aeroportos e ferrovias neste ano, isso sem contar com os ativos de empresas privadas que estão abrindo o capital."

Outro dado importante é que ainda segundo o relatório Infra-2038, para que o país possa chegar à 20ª posição no ranking mundial de competitividade, do Fórum Econômico Mundial, é preciso ampliar os investimentos em infraestrutura para R$ 339 bilhões por ano, até 2038. Para João Caetano, o amadurecimento das transações brasileiras e da consolidação dos modelos de concessão e de Parcerias Público-Privadas (PPPs), devem se refletir em novos investimentos. "O país está se preparando para isso, principalmente após os avanços na legislação que trazem segurança jurídica aos investidores, como por exemplo os marcos regulatórios aprovados nos últimos anos."

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