Indústria automobilística projeta um 2022 com discreta melhora

Anfavea projeta vendas de 2,3 milhões de veículos, uma alta de 8,5% sobre 2021
Falta de semicondutores e reajustes envolvendo insumos seguirão pressionando os preços dos automóveis no país

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou nesta sexta-feira (7) os números do fechamento de 2021, com ligeira melhora na comparação com o crítico ano de 2020, mas ainda aquém do potencial de demanda interna e externa por autoveículos. "A crise global de semicondutores provocou diversas paralisações de fábricas ao longo do ano por falta de componentes eletrônicos, levando a uma perda estimada em 300 mil veículos. Para este ano, a previsão ainda é de restrições na oferta por falta de componentes, mas num grau inferior ao de 2021, o que projeta mais um degrau de recuperação", afirmou o Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade.

Para este ano, a Anfavea projeta vendas de 2,3 milhões de veículos, uma alta de 8,5% sobre 2021. Ao falar sobre estimativas, Moraes adotou um tom de otimismo moderado. "Apesar das turbulências econômicas e do ano eleitoral, apostamos numa recuperação de todos os indicadores da indústria, que poderiam ser ainda melhores se houvesse um ambiente de negócios mais favorável e uma reestruturação tributária sobre os produtos industrializados", destacou Moraes.

Ele destacou que a cadeia automotiva nacional ainda deve sofrer as consequências da escassez de semicondutores. Esse fator, além dos reajustes envolvendo insumos, seguirão pressionando os preços dos automóveis. No Brasil, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021, os carros novos sofreram um reajuste de 14%, enquanto os usados cerca de 22%. Por essa razão, a associação rechaça que as siderúrgicas aumentem o aço em até 50%, como algumas empresas têm anunciado. "Vamos para a mesa de negociação brigar por cada centavo, pois os brasileiros têm condições limitadas para adquirir automóveis", afirmou.

Moraes também não descarta que as fábricas venham a paralisar a produção nos próximos meses, a depender do grau de proliferação da ômicron, a nova variante do coronavírus. "Estamos observando atentamente esse tema. As montadoras, por sua vez, estão reforçando a comunicação com seus funcionários para que tenham o menor impacto possível. Em nossa projeção de crescimento para este ano, no entanto, não levamos em conta a realização de novos lockdowns. Caso isso aconteça, revisaremos nossos números", explicou.

Produção
Dezembro foi o melhor mês do ano, com 210,9 mil veículos produzidos. Com isso, o ano fechou com 2,2 milhões de unidades, alta de 11,6% sobre 2020. No ranking global de produtores, o Brasil retomou a oitava colocação perdida no ano anterior para a Espanha. Para este ano, a expectativa é de um aumento de 9,4%, com 2,4 milhões de unidades produzidas.

Como ocorre tradicionalmente, o último mês do ano também foi o de maior volume de vendas, com 207,1 mil unidades licenciadas. Mesmo assim, foi o pior dezembro em cinco anos. O acumulado chegou a 2,1 milhões de unidades, apenas 3% acima de 2020, o que manteve o Brasil na sétima colocação do ranking global, por poucas unidades atrás da França.

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