BC nota redução do ritmo de expansão na economia do Sul

Bom desempenho da construção civil compensou a retração na produção industrial no segundo trimestre
A produção agrícola permanece como vetor do crescimento regional no ano, ancorada na recuperação do Rio Grande do Sul, cuja contribuição positiva mais do que compensou as diminuições em Santa Catarina e, principalmente, no Paraná

A atividade econômica reduziu o ritmo de expansão, avançando 0,2% no segundo trimestre de 2021, após três trimestres consecutivos de altas mais expressivas, segundo o IBCR-S, índice de atividade econômica da região Sul, divulgado nesta semana pelo Banco Central (BC). Na margem, os bons desempenhos da construção civil, comércio e segmentos da prestação de serviços compensaram a retração na produção industrial.

De acordo com o BC, apesar desse arrefecimento, deve ser mantida a trajetória de crescimento – na medida da normalização no suprimento de insumos industriais e ampliação da mobilidade –, porém ainda com elevada taxa de desocupação. Em doze meses, o IBCR-S expandiu 4,4%, condicionado pela recuperação na maioria das atividades, exceto serviços às famílias, inclusive domésticos.

A produção industrial do Sul contraiu no segundo trimestre, após expansão no primeiro, refletindo retração nos três estados. "As principais contribuições negativas foram de veículos, reboques e carrocerias; produtos alimentícios e derivados de petróleo e biocombustíveis. O primeiro impactado, em grande parte, pela suspensão da produção em algumas plantas industriais devido à escassez de suprimentos no mercado global, e o último pela paralisação para manutenção em unidade de refino do Paraná", revela a nota técnica divulgada pelo BC.

Na visão do Banco Central, perspectivas de normalização da atividade influenciaram as expectativas empresariais, cuja confiança voltou a subir, atingindo patamar mais elevado em julho. Ainda nesse mês, o aumento de 9,6% no consumo interanual de energia elétrica pela indústria de transformação, segundo a CCEE, sugere alta da produção fabril. Os licenciamentos de caminhões nos primeiros sete meses do ano também registraram o melhor desempenho desde 2013, segundo a Fenabrave.

A produção agrícola permanece como vetor do crescimento regional no ano, ancorada na recuperação do Rio Grande do Sul, cuja contribuição positiva mais do que compensou as diminuições em Santa Catarina e, principalmente, no Paraná. O menor volume de chuvas durante o outono e as fortes geadas ocorridas em junho e julho impactaram mais o Paraná do que os estados vizinhos.

A soja registrou colheita recorde na região, favorecida pelo rendimento médio obtido em solo gaúcho, e estima-se expansão significativa para a produção de trigo, a partir de aumento na área plantada nos três estados. O aumento da renda no campo favorece o investimento, repercutindo em expectativas positivas para as próximas safras e para o crescimento de alguns segmentos da indústria.

A balança comercial do primeiro semestre refletiu, em especial, o volume importado – aumento de 37,9% na comparação com igual período de 2020, enquanto os preços cresceram 9%. Considerando os sete primeiros meses de 2020 e de 2021, o saldo passou de superavit para déficit comercial. Essa reversão foi condicionada pela expansão das importações, principalmente de insumos industriais elaborados – além de insumos agrícolas e de naftas para a petroquímica, ganharam maior relevância as aquisições de catodos de cobre, PVC, laminados de ferro/aço, alumínio. Nas exportações, embora predominem as vendas de básicos (soja e carnes), observou-se ampliação expressiva de industrializados, em especial de madeira compensada.

No trimestre encerrado em julho, a inflação do Sul registrou alta em relação à taxa do trimestre imediatamente anterior, acumulando variação de 3,13%, a mais alta dentre as regiões. A aceleração foi mais intensa no segmento dos preços livres, refletindo aumentos em alimentação no domicílio, bens industriais e serviços. Já nos preços administrados, destaque para a elevação dos preços de energia elétrica residencial e gasolina. O primeiro semestre caracterizou-se pela retomada assimétrica da atividade no Sul.

A boa safra de grãos foi o principal vetor do dinamismo da economia no primeiro trimestre, com impactos positivos sobre segmentos da prestação de serviços, especialmente transporte. No segundo trimestre, os bons desempenhos da atividade terciária e da construção civil foram determinantes para a manutenção do ritmo da atividade na região.

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