Atividade econômica do Sul apresenta recuperação no segundo trimestre

Houve retomada mais intensa no comércio, na construção e em segmentos da prestação de serviços, nota Banco Central
A diminuição da compra de soja em grão e carne suína pela China levou à queda na exportação de produtos básicos, compensada pelo aumento da venda de bens industrializados, com destaque para óleo de soja

A atividade econômica do Sul registrou recuperação no segundo trimestre de 2022, após recuo no primeiro, quando refletiu a quebra na produção de soja. Além do final da apropriação das safras de verão, houve retomada mais intensa no comércio, na construção e em segmentos da prestação de serviços, sobretudo às famílias, e discreta ampliação da produção industrial. De acordo com o IBCR-S, a economia do Sul cresceu 2,8% no segundo trimestre em relação ao anterior (-2,9%). Em doze meses, o Sul assinalou a menor expansão dentre as regiões (1%), influenciada pelos modestos resultados da agricultura e da indústria. A informação consta no Boletim Regional, do Banco Central (BC), divulgado nesta sexta-feira (2). A publicação trimestral tem o objetivo de trazer uma visão das regiões do país a partir de dados e indicadores econômicos (veja no documento completo ao final desta reportagem. A análise sobre o Sul começa na página 39).

O BC destaca que a produção industrial apresentou crescimento moderado e abaixo da média nacional pelo segundo trimestre consecutivo. "Dentre as mais relevantes na composição do produto industrial da região, a estabilidade na fabricação de produtos alimentícios decorreu do avanço em Santa Catarina, haja vista a contração nos demais estados, enquanto a queda na produção de veículos foi determinada pelo Paraná. Não obstante o crescimento tenha sido pequeno e não disseminado, os empresários mantiveram-se confiantes no trimestre até julho – apenas o componente referente às condições atuais da economia brasileira ficou em zona que ainda denota pessimismo", detalha o documento.

A diminuição da compra de soja em grão e carne suína pela China levou à queda na exportação de produtos básicos, compensada pelo aumento da venda de bens industrializados, com destaque para óleo de soja. "Contudo, o déficit comercial aumentou significativamente devido à elevação da importação de bens intermediários, sobretudo de adubos e fertilizantes, cujas aquisições para o plantio da nova safra de verão foram antecipadas. Considerando o primeiro semestre, as ampliações nas exportações e importações, relativamente a igual período de 2021, decorreram de variações nos preços, haja vista as reduções de 4,6% e de 5,2% nas quantidades comercializadas", contextualiza o BC.

O Boletim Regional aponta que a atividade econômica do Sul tende a se beneficiar das medidas de transferência de renda e da redução de tributos sobre bens essenciais. Segundo o BC, o mercado de trabalho apresenta processo consistente de retomada, com diminuição da taxa de desocupação no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, favorecendo a ampliação da renda das famílias. "O impulso adicional à demanda, associado, pelo lado da oferta, à permanência de condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento das lavouras de inverno, que sugerem produção regional recorde para o trigo, contribuirão para a melhoria do ritmo de recuperação, com desdobramentos positivos sobre importantes segmentos da indústria, especialmente a fabricação de produtos alimentícios", projetam os técnicos do Banco Central.

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