Safra agrícola cai 0,4% em 2021, mas pode ter recorde em 2022

A produção fechou o ano com total de 253,2 milhões de toneladas
Só na soja, o volume de produção foi estimado em 138,3 milhões de toneladas, o que será um novo recorde

A safra nacional registrou queda de 0,4% em 2021, em relação ao ano anterior, após três períodos seguidos registrando números positivos. De acordo com a última estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 a produção fechou com o total de 253,2 milhões de toneladas. Para 2022, o prognóstico indica que o cenário deve mudar e com o volume previsto de 277,1 milhões de toneladas voltará a apresentar mais um recorde, mesmo com o leve recuo de 0,3% ou de 0,9 milhão de toneladas.

Segundo o gerente do LSPA, Carlos Barradas, o resultado pode ser favorecido pelo momento em que foi feito o plantio da soja, principal produto da produção brasileira. "Ao contrário da safra de 2021, quando houve atraso no plantio, na safra de 2022, a soja, principal produto das lavouras brasileiras, foi semeada antecipadamente e de forma acelerada, na maior parte das regiões produtoras do país, por conta dos elevados volumes de chuvas ao longo do mês de outubro nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Isso deve ampliar a janela de plantio das culturas de segunda safra e beneficiar essa produção", disse.

Ainda assim, Barradas chamou atenção para os impactos climáticos, que ocorreram por causa de áreas de instabilidade nos estados do Nordeste e do Sudeste, provocadas pela zona de convergência intertropical, e ainda os efeitos do fenômeno La Nina nos estados do Sul, que já começam a interferir nos cultivos.

"Há registro de chuvas acima da média na Bahia e Ceará, enquanto nos três estados do Sul e em Mato Grosso do Sul já se observa um menor volume de chuvas, com registro de estiagens severas regionalizadas, o que vem afetando as culturas de verão. Com isso, as novas informações recebidas nesse terceiro prognóstico já apontam um declínio de 0,3%, ou 900 mil toneladas, em relação ao que havia sido estimado no prognóstico anterior para este ano", observou.

Apesar da situação climática, com 277,1 milhões de toneladas em 2022, a safra deverá ter 23,9 milhões de toneladas a mais, o que representará 9,4% superior a de 2021. Vão contribuir para isso, a maior produção de soja (2,5%), de milho (11,2% na primeira safra e 29,4% na segunda), de algodão herbáceo em caroço (4,6%), de sorgo (11,4%) e de feijão (10,8% na primeira safra e 4,6% na segunda).

Só na soja, o volume de produção foi estimado em 138,3 milhões de toneladas, o que será um novo recorde e poderá corresponder a mais da metade do total de cereais, leguminosas e oleaginosas produzidos no país em 2022. Para o milho a expectativa é a produção de 108,9 milhões de toneladas. Se confirmada a colheita recorde ocorrerá após a recuperação das lavouras que registraram queda na produção em 2021 causada pelo atraso no plantio da segunda safra e da falta de chuvas nas principais unidades produtoras.

Em movimento contrário é esperado um recuo nas produções do arroz (-4,9%), do feijão (-0,9%) e do trigo (-7,4%) toneladas. "Apesar da queda, essa produção de arroz deve ser suficiente para abastecer o mercado interno brasileiro", completou o gerente.

Safra de 2021
Conforme o IBGE, a 12ª estimativa para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2021, que é a final para a safra do ano passado, que somou 253,2 milhões de toneladas, equivale a 0,9 milhão de toneladas menor que a de 2020. Comparada à previsão anterior, houve alta de 420,6 mil toneladas (0,2%). Entre os produtos o arroz, o milho e a soja responderam por 92,6% da produção e 87,3% da área colhida.

O maior produtor nacional de grãos é o estado de Mato Grosso, que teve a participação de 28,2%. Na sequência ficaram Rio Grande do Sul (14,9%), Paraná (13,1%), Goiás (10%), Mato Grosso do Sul (7,5%) e Minas Gerais (6%). Somados, esses estados atingiram 79,7% do total nacional.

As regiões Sul (5,2%), Nordeste (1,9%) e Norte (11,8%) tiveram variação anual positiva na estimativa da produção. Em sentido contrário, o Centro-Oeste (-4,3%) e o Sudeste (-4,6%), tiveram queda. "O Centro-Oeste produziu 116,5 milhões de toneladas (46,1% do total do país); o Sul, 76,9 milhões de toneladas (30,4%); o Sudeste, 24,6 milhões de toneladas (9,9%); o Nordeste, 23,0 milhões de toneladas (9,1%) e o Norte, 12,3 milhões de toneladas (4,5%)", enumera o levantamento.

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Com Agência Brasil

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