Produtores devem ter margens menores para próxima safra

Segundo estudo da Farsul, os custos aumentaram bem mais que a inflação
Se na última safra, para cobrir todos os custos, o saco da soja deveria ser comercializado por, no mínimo R$ 67, atualmente esse valor saltou para R$ 85

A consolidação dos dados coletados pelos painéis do programa Campo Futuro aponta que as margens de lucro obtidos pelos produtores na safra 2020/2021 foram históricas, mas não devem ser mantidas para a próxima. O levantamento é feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e realiza painéis de levantamento de custos de produção de grãos em solo gaúcho.

O trabalho consiste na análise das informações obtidas a partir da realidade produtiva apresentada pelos produtores. O economista da Farsul, Ruy Silveira Neto, integra a equipe técnica que realiza o estudo. "Vimos que os custos aumentaram bem mais que a inflação. Porém, a trajetória do aumento de preços e a recuperação da produtividade frente a seca do ano passado fez com que a receita bruta fosse alta e as margens fossem bem largas para safra 2020/2021", relata. "Atualmente, vemos que os custos seguem a trajetória de aumento, principalmente concentrada neste ano, enquanto os preços já apresentam uma tendência de estabilidade. O que pode ocasionar, no futuro, que o custo comece a convergir para perto da receita e as margens fiquem cada vez mais estreitas até a próxima safra de 2022", projeta.

No caso da soja, principal cultura no estado, os custos relativos aos insumos tiveram uma redução na comparação entre as safras 2019/2020 e 2020/2021. Mesmo assim, as sementes registraram um aumento de 38%, pois seus preços estão relacionados com a taxa cambial. A lavoura sojícola, no total, ficou 13% mais cara na relação entre as duas safras mais recentes. Porém, os custos seguem acelerando. Se na última safra, para cobrir todos os custos, o saco da soja deveria ser comercializado por, no mínimo R$ 67, atualmente esse valor saltou para R$ 85.

A safra de milho recuperou a perda da produtividade na comparação com 2019/2020, mas ainda está distante do potencial. "Mesmo não tendo uma produtividade excepcional, é a cultura que melhor responde em relação à margem bruta", comenta o economista. A principal razão está na alta de 72% no preço do grão. Entretanto, os custos de produção mantêm o movimento de elevação. Desse modo, o valor mínimo do saco para cobrir os custos que era de R$ 34,87 na última safra, teria que passar para R$ 44,47 atualmente.

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Sábado, 23 Novembro 2024

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