FecoAgro/RS estima ano estável para cooperativas

Depois de um 2018 com crescimento de 25%, devido à venda da soja represada pelos produtores, esse ano deve encerrar de forma estável. Esse é o balanço da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), apresenta...
FecoAgro/RS estima ano estável para cooperativas

Depois de um 2018 com crescimento de 25%, devido à venda da soja represada pelos produtores, esse ano deve encerrar de forma estável. Esse é o balanço da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), apresentado nesta quarta-feira (18), em Porto Alegre. Para 2020, a estimativa é ter uma alta em torno de 6% a 7%. 

As 32 cooperativas agropecuárias associadas devem fechar 2019 com um faturamento próximo a R$ 25 bilhões, cifra especialmente puxada pela alta do preço da proteína animal. Até setembro, o faturamento estava 7% abaixo do que o observado no ano anterior – mas a realidade mudou com a alta do dólar e a demanda por carne. Os grãos também tiveram uma boa rentabilidade, com crescimento nos preços de 8% na soja, 12% no milho e 8% no trigo. “Ainda assim, temos preocupação com o custo da produção e com o clima. Estimamos uma quebra em torno de 10% no milho por conta da má distribuição de chuvas”, projeta Paulo Pires (foto), presidente da federação. Os custos da formação das lavouras foram 5% superiores sobre a safra passada. Entre os fatores que pesam nessa conta está a tabela de fretes. 

A perspectiva é de uma safra normal com sustentabilidade de preços. Os números dão continuidade ao crescimento registrado entre 2016 e 2018. Mesmo diante do pico da crise econômica do país, o sistema cooperativo de produção foi uma ilha de prosperidade. Na média, o crescimento dos últimos anos foi de 10%. Além de boas safras, desde 2012 sem grandes impactos do clima, os aportes em modernizações também contaram para o balanço. “Ao contrário dos outros setores, as cooperativas investiram durante a crise, justamente porque o dinheiro fica alocado [na comunidade]. Estamos pavimentando uma via de agregação de valor”, afirma Pires. Com juros mais competitivos, o presidente acredita que haverá mais investimentos, por parte das cooperativas, para o ano que vem. 

Em relação ao volume de produção, o crescimento da atual safra de verão foi de 2,4%, segundo dados do IBGE. A área plantada avançou em 1,8%, refletindo em maior ganho de produtividade. Já o Valor Bruto de Produção (VBP) das principais culturas de verão foi de R$ 31,3 bilhões, significando um avanço de 4,1% em relação ao ciclo anterior. Nas culturas de inverno, houve uma evolução na área plantada em 5,2%, em relação ao ano anterior. Os números de safra apontam para um volume de produção de 3,1 milhões de toneladas ante às 2,5 milhões de toneladas na temporada passada, o que representou um crescimento de 26% no volume de produção e de 31,9% no VBP. 

Outra importante perspectiva é para a cultura do trigo. O recente aumento dos impostos na Argentina sobre as exportações de grãos, como medida urgente para enfrentar a situação das finanças públicas do país, tem reflexos claros no Brasil. De todo o trigo que vem para solo brasileiro, a Argentina é o principal fornecedor. Para Pires, presidente da federação, os produtos podem de fato encarecer, mas a elevação também tornará a cultura mais rentável para os produtores. “Acreditamos que haverá aumento da área de trigo no ano que vou ou, pelo menos, que ela se mantenha. Mas para ter viabilidade econômica, precisa de mais valorização”, estima. 

E se o número de pessoas no campo cai ano após ano, o segmento leiteiro é quem mais vem sentindo a diminuição do número de produtores. O paradigma, entretanto, vem sendo resolvido com tecnologia. “Perdemos produtores, mas não produtividade. A produção de leite nos empurra para [um sistema de] escala. Vamos ter de fazer uma reengenharia com os pequenos produtores. Eles precisam se profissionalizar”, defende Pires. No Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor de leite do país, a quantidade de produtores diminuiu quase 40% em quatro anos, ou seja, 33,53 mil deixaram a atividade, de acordo com a Emater-RS. 

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